Acidente com veículo – Contestação com pedido contraposto – Elaborada em prosa e versos

Sidney de Souza Moraes
Advogado no Rio de Janeiro
OAB/RJ 132077

* Petição de caso concreto, com sentença favorável.

EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DO JUIZADO ESPECIAL ADJUNTO CÍVEL DA COMARCA DE RIO BONITO – RJ.

XXXXXXXXXXXXXXXXX, empregado público, residente e domiciliado na Rua XX, quadra XX, N. º XX – Bairro XXX – XXXXX – XXXXXX – RJ, nos autos da ação indenizatória que move xxxxxxx xxxxxxx xxxxx, Processo nº XXXXXXXXXXXXX, em trâmite nesse respeitável Juízo, vem perante Vossa Excelência, apresentar CONTESTAÇÃO COM PEDIDO CONTRAPOSTO aos termos da referida ação, pelos fatos e fundamentos que passa a expender:

PRELIMINARMENTE

DA RESPONSABILIDADE POR ATO DE TERCEIRO.

“IN CASU SUBJECTUS” IMPREVISÃO LEGAL

Ao se comprar um veículo

Não se assume a obrigação

Pelo ato de terceiro

Envolvido em colisão

Tal obrigação surge e decorre

Se analisarmos o fato

Da culpa concreta do agente

Na perpetração do ato (art.927-186 e187 c.c)

O artigo 932

Do novo Diploma Civil

Define essa raia de culpa

E assim a dirimiu:

Não sendo pai de menor

Em poder ou companhia

Patrão/ tutor/curador

Ou dono de hospedaria

Que culpa então Ex.ª

Este sujeito teria?

O art. 936

Também não faria sentido

Se não é o agente animal

Daqueles com rabo comprido

Que vive a mercê de seu dono ou por ele é conduzido

Penso então como seria Ex.a.

Se tomando emprestada uma faca

Fulano ferisse um amigo

Numa briga de barraca.

Por certo esse tal se veria

Com a Legis criminal.

Mas quem afinal bancaria

O ferido no Hospital?

Seria o dono da faca ou o agente fulano de tal?

Portanto, Ex.ª

Se o dono empresta seu carro.

A sujeito maior vacinado

Não há razão pro primeiro que emprestou ser demandado.

Ainda mais sendo o agente, ser capaz inteligente e também habilitado.

Se comungas com a tese Ex.ª

Trazida a esse respeito.

Não cabe juízo de mérito

Mas sim extinção do feito

DA INCOMPETÊNCIA DO JUÍZO – NECESSIDADE PERICIAL

Se cabível o entendimento Ex.a.

Que o aval da perícia é preciso

De pronto convém declarar

A incompetência do Juízo.

Se, contudo não for esta.

A visão de V. Exª.

Que vigore em prol da justiça

O direito exposto em sequência:

DO DIREITO AO PEDIDO CONTRAPOSTO (Lei 9099/95)

Por óbvio que não tratamos

De procedimento comum

A grata lei especial,

Nos trás amparo legal,

No artigo 31. (Lei 9.099)

“In verbis”

Art. 31. Não se admitirá a reconvenção. É lícito ao réu, na contestação, formular pedido em seu favor, nos limites do art. 3º desta Lei, desde que fundado nos mesmos fatos que constituem objeto da controvérsia.

DOS FATOS

No dia oito de outubro, numa atitude banal.

O meu cliente firmou, um comodato verbal.

Um amigo precisado (Sr. xxxxxxx)

Pediu seu carro emprestado.

E se envolveu nesse mal.

Embora queiram contar,

Uma versão diferente.

Vejamos toda a verdade,

Acerca do triste acidente:

Era uma noite chuvosa

De clima em final de estação.

A pista embebida, molhada,

E o Sr. XXXXX na estrada, dirigia com atenção.

Por infortúnio, infelizmente,

Assim do nada, derrepente.

Surge à vã na contra mão!

Um coletivo que trafegava

Em seu rumo costumeiro

Diminuiu sua marcha,

Para deixar passageiro.

O condutor da vã

Que vinha atrás distraído

Pela traseira do ônibus,

Foi então surpreendido.

Num ato de desespero

Para evitar o acidente.

O incauto desviou-se, (vide XXXX – descrição sumária do acidente)

Mas se chocou bem na frente.

E advinha Excelência

No carro do meu cliente!

Dando conta da besteira,

Que fez naquele momento.

O preposto do autor

Viu-se então sem argumento.

De ânimo exaltado,

Descontrolado e aflito.

Utilizou-se da estratégia

De querer ganhar no grito

Foi então, que o Sr. xxxxxx,

Entendeu que era preciso,

Deixar a rixa de lado

Amargando o prejuízo

Sendo ele um homem calmo,

Retraído e sossegado.

Esperou pela polícia

Para ver o resultado.

O condutor da vã,

Deixou também a peleja.

Caminhou duzentos metros,

E adentrou numa igreja. (doc. 3/fotos)

Mas não foi pedir perdão

Por ter causado a mumunha.

Foi buscar dois amigos,

Os que nada tinham visto.

Foi produzir testemunha.

Os tais foram então constrangidos

A se envolver neste embrulho.

Porque do próprio acidente,

Pela distância dos crentes,

Sequer ouviram o barulho.

Porém uma testemunha idônea,

Que a tudo presenciou.

Se achega agora ao processo,

E a Vossa Exª eu peço:

Pergunte quem provocou!

As avarias nos veículos,

Nos dão a prova cabal.

A vã amassada na frente

E o carro do meu cliente

*Na porta, na lateral. (doc 4/ fotos)

Vir a bater de lado,

E ainda ser culpado.

E uma versão que não vejo

Ao menos que o carro do meu cliente

Já não andasse pra frente

Mas fosse igual caranguejo.

Leia o *XXX Excelência, (doc.5)

Observe o que ele diz

Veja se não retrata

De forma quase abstrata,

Esse momento infeliz.

Um documento pobre,

De natureza precária.

Que dele só se aproveite.

A tal descrição sumária. (doc. )

O croqui do acidente

Nos causa perturbação

É algo assim deprimente,

Os carros são diferentes

E diversa a direção.

Não sei como o PM

Conseguiu essa proeza!

Mesmo estando no Brasil.

O sujeito conseguiu,

Enxergar a mão inglesa!

Sei que não é requisito

Na Polícia Militar

Que o homem seja um artista

Que nasceu pra desenhar

Mas pelo amor de Deus Exª

Tenha santa paciência

Isso não dá pra aceitar

Contudo Excelência,

Entendo a posição do autor.

Ele é proprietário,

E quis descontar do salário.

Mas seu preposto chiou.

Seu empregado espremido,

Nessa triste condição,

Pra não perder o emprego,

Hesitou pedir arrego

Criando sua própria versão.

O patrão de tudo enganado,

Correndo do prejuízo.

Sorveu a falsa versão do preposto

E veio a esse Juízo.

Porém deste episódio Ex.ª,

O fato mais engraçado.

É o causador do acidente,

Esse sujeito imprudente,

Querer ser indenizado.

O que o dono do veículo,

Não notou, nem percebeu.

É que esse tal prejuízo,

E vou provar, é preciso.

Foi seu preposto quem deu!

As provas ora trazidas,

Ao seio deste processo.

Hão de levar o inocente,

Ao seu merecido sucesso.

DO PEDIDO

Assim Excelência,

Diante do fato exposto,

Desejamos formular,

Um pedido contraposto.

Que pague o autor pelo dano

Que o seu preposto causou

A moral que pôs em abalo

E o carro que ele amassou

São R$1.380,00 Exª

Pelo dano material (doc.s 06,07,08)

E mais o que for arbitrado

Por reparação moral

Por ter apostado o autor

Que a mentira desse pé

Que seja também condenado

Litigando de má fé

Se o direito subsistir

Na leitura de cada premissa

Jamais vai mentir o autor

Tentando enganar a justiça.

N. Termos

P. e Deferimento

Rio Bonito, 14 de julho de 2005.

Sidney de Souza Moraes

OAB/RJ 132077

Fonte: Escritório Online

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