O ex-inspetor da Polícia Rodoviária Federal, Luiz Carlos Roque, afirmou, nesta quarta-feira (9/4), em depoimento à CPI dos Grampos que a PRF tem um equipamento para fazer interceptações telefônicas. A máquina foi comprada sem licitação em 2002.
Roque foi preso em 2004 durante a Operação Poeira no Afasto, da Policia Federal. A intenção era desarticular quadrilha especializada em fraudar combustíveis. O ex-inspetor afirma que parte das gravações, que o inocentariam, não chegaram ao conhecimento do juiz.
Também prestou depoimento o ex-inspetor Luiz Carlos Simões, igualmente preso na operação. Eles foram condenados pela Justiça Federal, mas aguarda o recurso em liberdade. Roque era chefe de operações da PRF no Rio e Simões, inspetor na Rodovia Rio-Petrópolis.
Em protesto em setembro do ano passado, os policiais afirmaram que passaram 162 dias presos. “O juiz não leu o processo. Tanto que concedeu uma condenação padrão. Ou seja, todos receberam a mesma pena”, disse Roque na oportunidade.
Para o presidente da CPI, deputado Marcelo Itagiba (PMDB-RJ), as declarações prestadas dos ex-inspetores demonstram que o grampo não está sendo tratada como prova técnica passível de ser periciada. Segundo Itagiba, as gravações estão sendo feitas, editadas de acordo com o interesse da pessoa que as fez. O juiz recebe o material sem saber que ele foi editado ou emendado e sem ter certeza de que a voz é da pessoa acusada.
A deputada Marina Maggessi (PPS-RJ) destacou que o caso dos dois inspetores, policiais rodoviários com 30 anos de carreira, é um exemplo do que acontece cada vez com mais freqüência no Rio de Janeiro.
Na quinta-feira (10/4), três integrantes da CPI vão a Santa Catarina conhecer os dois sistemas de interceptação mais comuns, o Guardião e o Bedin. O relator da comissão, deputado Nelson Pellegrino (PT-BA), afirmou que o objetivo da visita à Dígitro, em Florianópolis, é conhecer todas as possibilidades dos equipamentos de escuta.
Revista Consultor Jurídico