Jornalismo e ativismo – TV americana paga por notícia que provocou suicídio

por Claudio Julio Tognolli

A companhia norte-americana NBC Universal, de mídia e entretenimento, desembolsou US$ 105 milhões para encerrar uma ação civil ajuizada por uma telespectadora. Seu irmão, um promotor de Justiça, cometeu suicídio após ter sido acusado de fazer parte de uma rede de pedofilia online. Imagens dele foram mostradas no programa de jornalismo investigativo da NBC chamado Dateline, na série “Como se pega um predador”.

No lacônico comunicado emitido pelas partes do processo, lê-se que “o assunto foi amigavelmente resolvido com as duas partes tendo ficado satisfeitas”. Os termos e detalhes do acordo judicial não foram revelados.

A rede NBC vinha trabalhando com um grupo ativista chamado Justiça Pervertida. O grupo e seus militantes se passam por menores de idade em conversas online. Quando os homens caem na armadilha e marcam um encontro, o grupo avisa as autoridades e os repórteres.

Foi o que aconteceu com o promotor do subúrbio de Dallas, Louis William Conradt Jr.. De acordo com a reportagem que foi pro ar, ele tinha combinado um encontro com um menino de 13 anos, que, na verdade, era um dos ativistas do grupo Justiça Pervertida.

Em fevereiro passado, um juiz federal condenou o procedimento usado pelo grupo, alegando que esse tipo de conduta “cruza a linha do jornalismo responsável e vai ao irresponsável, com invasões no campo das autoridades judiciais”.

No processo contra a NBC Universal, o juiz Denny Chin decidiu que o suicídio do promotor foi forçado pela mídia e que as autoridades policiais tinham o dever de proteger o promotor. “Tanto policiais quanto jornalistas agiram com indiferença junto ao promotor”, escreveu o juiz.

Revista Consultor Jurídico

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