Absurdo dos vetos da MP 66 atinge fortemente a área de tecnologia

Ronei Ferrigolo*

Tenho falado reiteradamente no Baguete.com.br sobre a participação política do empresariado, em especial dos empresários de tecnologia. Este processo continuado ocorre todo o dia, mas tem momentos da verdade onde podemos estabelecer um novo patamar de importância política para nosso segmento.

Na diplomacia entre países costumava-se dizer que para tornar-se uma potência, uma nação deveria primeiramente vencer uma guerra contra uma outra potência. Percebo que as coisas no plano do congresso nacional ocorrem de forma semelhante. Na difícil contabilidade do peso político dos segmentos sociais, devemos demarcar em algum momento que crescemos em organização e capacidade de mobilização e já não somos distantes agentes produtivos, preocupados com nosso umbigo e esquecidos da política (infelizmente a política não se esquece de nós..). As famosas “maiorias silenciosas”, que seriam melhor chamadas simplesmente de massa de manobra.

Em suma, se não quisermos sempre ser chamados simplesmente para pagar a conta desta festa do estado, precisamos mostrar em alguma oportunidade que não vamos simplesmente permanecer calados e nos esquecer da conduta de nossos representantes e votar (e financiar) neles nas próximas eleições como uma ovelha conduzida de volta ao curral depois de uma voltinha para pastar. E o momento mais uma vez se apresenta. Temos uma “chamada à ação” contra o absurdo dos vetos da MP 66, que em seu conteúdo atinge fortemente a cadeia produtiva em geral, e em particular a área de tecnologia, principalmente com os vetos ao enquadramento ao Simples e a reabertura do Refis. Não vou me alongar na defesa das matérias que foram suprimidas da redação final da lei, pois nosso presidente da Assespro Nacional já o vez no site da entidade. Quero me referir a uma questão anterior: o presidente eleito cancelou unilateralmente um acordo feito a muitas mãos ao pedir ao presidente que saía que vetasse determinados itens da MP 66. Foi uma atitude traiçoeira, covarde e mentirosa.

Traiçoeira porque fez um acordo com os mais diversos segmentos da sociedade, onde recebia uma parte e dava outra. Nos vetos, cancelou o que dava e manteve seus interesses, traindo o acordo. Covarde porque escondeu a mão que deu o tapa, ao pedir ao presidente que saia que cometesse o ato, além de ser covarde por não permitir aos representantes do outro lado do acordo o tempo para reação contra a perfídia cometida ao apagar das luzes do ano passado. E finalmente mentirosa porque desinforma e cria versões para confundir a população sobre um assunto claro e transparente: o governo que entra não mudou de práticas, simplesmente de slogan.

Portanto, esta é mais que uma questão de competitividade, é uma questão de princípios. Ligue para seu deputado. Escreva para o seu senador. Se for possível, dias 18 e 19 vá a Brasília. Diga a eles que você está de olho e que vai lembrar de como ele se comportou, de que princípios ele defendeu na hora da verdade. Faça política, mude o Brasil.

Ronei Ferrigolo é Diretor de Desenvolvimento da Procergs – Cia. de Processamento de dados do Estado do Rio Grande do Sul.

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