Armando Franco*
A declaração do secretário geral do Ministério das Minas e Energia (MME), Maurício Tolmasquim, de que a Eletrobrás deverá participar de licitação para poder construir as duas usinas hidrelétricas do Rio Madeira, é um claro indício de respeito às normas vigentes, o que aumenta a esperança de que serão encontradas alternativas viáveis para o setor elétrico nacional.
Antes do aperfeiçoamento do marco regulatório do setor elétrico nacional, o país precisa de um choque de moralidade. Os contratos existentes devem ser cumpridos por todos os envolvidos nos mesmos. Assim sendo, se a empresa AES não tem condições de honrar os compromissos financeiros assumidos, deve ser penalizada com a execução das garantias. Da mesma forma, os órgãos públicos que utilizam energia elétrica têm que pagar pelo consumo, não sendo aceitável que prefeituras, companhias de transporte coletivo, como o
metrô de São Paulo, e outras entidades públicas, deixem de pagar suas contas de luz.
O fato de o MME obrigar a Eletrobrás a se submeter às regras estabelecidas pela Aneel é um fato auspicioso que permite que se anteveja o aumento do poder político da agência reguladora para impor o cumprimento de todos os contratos em vigor, além da obediência às normas estabelecidas. O próximo passo, que não deverá ser nada fácil, terá de ser o enquadramento da Copel e da Cemig às regras da desverticalização das empresas do setor, de forma a diminuir o poder de mercado que as mesmas possuem ao manter integrados os serviços de geração, transmissão e distribuição de energia.
Armando Franco é da equipe de análise setorial da Tendências Consultoria