Rogério Teixeira Brodbeck*
Disse o ministro-chefe do Gabinete Civil da Presidência da República, José Dirceu, que o sistema econômico é perverso, referindo-se a críticas de setores pró e contra o governo sobre a economia do país. Mas disse, senão com essas pelo menos com outras palavras mas com o mesmo sentido, que o governo tentaria mudar o modelo para torná-lo compatível com as necessidades do país, blá, blá…
Com efeito, tem razão o ex-chefe do ex-assessor-mór para fins parlamentares e lotéricos. O modelo é perverso. Só esqueceu Sua Excelência de referir outras perversidades que o país tem assistido ultimamente. Perverso é o atual governo que, em plena campanha, prometeu tudo mudar e, ao assumir, manteve tudo como encontrou. Inclusive umas perversidade em termos de assessoramento palaciano – que só veio à tona por conta de uma indiscreta filmagem de um encontro nada social entre figuras de notório refinamento. Perversa é também a tentativa de bloquear, de obstaculizar a abertura de uma investigação parlamentar dita CPI sobre bingos, loterias, jogos, enfim tudo o que a longa manus da inquisição congressual pudesse alcançar. Bloqueio esse que encontrou eco no pampa gaúcho com o apoio do governador do Executivo que vive a lamber as botas do Sr. Lula da Silva em busca de minguados trocados e outros que tais para honrar alguns pequenos compromissos como pagar a folha dos funcionários “marajás” em dia, etc.
Outra perversidade notável que o Sr. Dirceu esqueceu de mencionar em sua fala é o gasto monumental feito com publicidade do tal programa Fome Zero, cuja continua no estado em que começou, ou seja, de zero, tendo sido gastos muito mais com a mídia com que o feijão e o arroz propriamente ditos, o que, claro, é uma perversidade inominável.
A comparação dos bingos com a prostituição é outra fala perversa (não confundir com perversão) do primeiro mandatário. Tanto que houve idosos, e outros nem tanto, freqüentadores de tais salões, que tiveram sérios problemas de identidade, pois não sabiam que estavam a comparecer a bordéis disfarçados de casas de jogos. Sem falar nas perversidades outras praticadas contra a inculta e bela pelo Sr. Presidente (na última disse que sua mãe tinha nascido analfabeta… o que ensejaria um pedido enérgico ao ministro Tarso para que realize estudos a fim de se planejar um curso de alfabetização intra-uterino já).
A par disso, de outra banda, aqui no Estado um patrulheiro rodoviário federal pôs-se a matar cavalos em plena rodovia federal visto que não conseguiu afastá-los da pista nem laçá-los (era um policial baiano, certamente), o que não deixa também de ser uma perversidade. Para terminar com esse saco de maldades, há também que se referir às perversidades patrocinadas pela Globo em sua rede televisiva, que começam com a novela das sete onde uma nora perversa, a “loira farmacêutica” Bárbara – interpretada pela maravilhosa Giovana Antonelli – induz o seu filhote a surrupiar o relógio (Cartier, Patek Phillipe?) do avô para pôr a culpa no outro neto, o filho da outra nora, a Preta (a não menos maravilhosa Taís Araújo) a fim de que o velho (Lima Duarte) espante o menino de seu convívio, fazendo com o que o abobado da Bárbara entre no páreo da herança sozinho (como cavalo de comissário), passando pela novela das oito com as maldades infindáveis da Laura e seu michê de corpo depilado Marcos mais o perverso Renato Mendes e a mais nova contratação do time de malvados, a Beatriz além do Ernesto, claro. Enfim, um rol de perversidades pra ninguém botar defeito. E assistindo tudo, impávidos, as maiores vítimas dessas perversidades. Quem? Adivinhem!
*Jornalista e advogado