Jaime Menezes *
Muitos afirmam que a clonagem humana será bem-vinda e que Deus proverá um espírito para abençoá-la. Segundo essa opinião, não importam os meios pelos quais nasça o homem.
Uma coisa, porém, é clonar o homem e deixá-lo viver; outra é sacrificar a criatura clonada para dele retirar células e aplicá-las na cura de doenças. A cura, a preço tão alto, nunca será bem-vinda. Não desejo o progresso da medicina desse modo.
É preciso respeitar o ser humano e não é moral sacrificar uma pessoa para curar a doença de quem quer que seja. Por que não aproveitar as células vivas da pessoa morta? Como se sabe, a morte cerebral vem sempre antes.
O corpo morre depois. E há casos em que a morte cerebral ocorre enquanto que o corpo permanece vivo por dias e dias, até que se desliguem os aparelhos que o manteriam vivo por dias e até semanas.
Basta obter-se da família ou do próprio paciente, antes de morrer, sua permissão para o aproveitamento de suas células que bem poderiam curar o diabetes ou o mal de Parkinson ou outra moléstia qualquer.
A empresa Geron, da Califórnia, está clonando seres humanos para fins terapêuticos, afirma o Diário de Pernambuco de 15 de junho de 1999, na página B6.
Diz a notícia que, “na Geron, embriões humanos estão sendo clonados para fins ‘terapêuticos’. Pretende-se utilizar células embrionárias, obtidas por meio de clonagem, no combate a doenças como a diabetes e o Mal de Parkinson”.
Diz a notícia que “as pesquisas com células embrionárias são condenadas por quem acredita que a vida humana começa no instante da concepção. Já para muitos cientistas, a vida só existe a partir da formação do cérebro e do sistema nervoso, que só ocorre após várias semanas”.
“As pesquisas atuais utilizam células de embriões com cinco a dez dias de vida, disse Michel West, presidente da ACT (Advanced Cell Therapeutics, de Massachussetts”. E conclui o Presidente da ACT: “Impedir o uso dessas células para curar doenças seria um crime”.
O problema está em saber se a vida começa com a formação do cérebro e do sistema nervoso, como querem alguns cientistas, ou com a concepção, no exato momento dela, como ensina a Santa Madre Igreja Católica Apostólica Romana.
É preciso que todas as religiões esclareçam se o espírito chega ao corpo no momento exato da concepção. Gostaria muito de conhecer a segura e sábia orientação de S. Exa. o Arcebispo de Olinda e Recife, Dom José Cardoso.
Também ficaria muito contente de saber como pensa o Arcebispo emérito Dom Hélder Câmara, assim como o culto e dedicado Pe. Edvaldo, de Casa Forte, a cuja jurisdição pertenço.
Ser-me-ia grato ouvir também o estudioso e profundo filósofo e teólogo Pe. Maltanir Noronha, com o peso de sua reconhecida autoridade religiosa, ex-Reitor do Seminário Maior da Congregação dos Padres do Sagrado Coração de Jesus, fundada pelo Pe. Dehon.
Não podia deixar de invocar o pronunciamento do maior orador espírita da atualidade, o baiano e cosmopolita Divaldo Pereira Franco, nem dispensaria a palavra de Francisco Cândido Xavier, o maior médium de todos os tempos.
Seria formidável ouvir também o parecer abalizado dos líderes evangélicos Pastor Garcia, da Igreja Anglicana, com sua verve oratória e sua inegável inteligência, e de seu Bispo Robson, dono de uma cultura abrangente e invejável.
Também seria bom ouvir o grande Pastor Guimarães, da Igreja da Capunga, com seus profundos conhecimentos bíblicos. Nessa discussão todas as autoridades no assunto deveriam se pronunciar porque é da discussão que nasce a luz. .
Há inúmeras figuras de marcante proeminência, aqui e no sul do País, que não foram aqui citadas por falta de espaço, como seria o caso do Missionário Soares ou da excelente pregadora da bíblia, a Pastora Milhomens ou o Bispo Macedo.
.Toda e qualquer palavra de quem entenda de religião será bem-vinda para que a matéria fique esclarecida de uma vez por todas, pois que a ciência não pára. Por isso gostaria de ouvir também os rabinos judeus, os maometanos e os tibetanos.
O que desejo – ou melhor, o que a população quer – é que se esclareça em que momento a alma chega ao corpo, a fim de que se conheça até quando as células ainda podem ser retiradas sem prejuízo para um ser humano pois que ainda não teria nascido.
A Igreja Católica afirma que a alma está presente no momento exato da concepção. A vida, portanto, começa logo aí. Que dizer, então, do enxerto de óvulo humano fecundado em útero de vacas? Estou sonhando ou é mesmo realidade o que dizem?
Por quê então não retirar apenas parte das células para curar doenças em pessoas humanas, sem comprometer a vida do embrião que poderia viver sem nenhum prejuízo?
A verdade é que não quero para mim essa cura enquanto não for esclarecido esse ponto importantíssimo acerca do momento exato da concepção.
Acho que ninguém deve aceitá-la enquanto pairarem dúvidas sobre o uso de células humanas obtidas por meio de assassinato; somente depois que ficar bem claro que não se matou ninguém para a obtenção dessas células.
Infelizmente o Vaticano –- a maior autoridade no assunto –– somente se pronuncia após estudos muito prolongados e que somente serão conhecidos quando consumados os atos que se desejam evitar.
E, uma vez consumados os atos, há de prevalecer a ciência que, então, não voltará mais atrás. Ela continuará a fazer uso da descoberta, mesmo porque será pressi-onada a isso por metade da população mundial, pois o remédio já estará sendo produzido em escala industrial.
A humanidade, então, estará retrocedendo numa fatal decadência moral em que prevalecerá ainda mais o egoísmo, não importando que o irmão esteja sendo sacrificado ante a vontade dos que podem subjugá-lo para a simples cura de uma doença.