Empreendedorismo: Emprego e Crescimento

O cenário nacional está incentivando a criação de novas empresas. As justificativas para esse crescimento são várias: como a abertura do mercado externo, a terceirização, a automação de serviços e agora, “antes tarde do que nunca” nossos governantes voltaram seus olhos para o segmento que mais cresce e emprega no país, as micro e pequenas empresas.

Segundo o Serviço Brasileiro de Apoio a Pequenas Empresas – SEBRAE o Brasil é 7º maior país em taxa de atividades empreendedoras, na frente de países como Estados Unidos, Alemanha e Japão mas na contra mão o mesmo SEBRAE através de estatísticas demonstra que o tempo médio de vida de empresas brasileiras é de aproximadamente dois anos, e que cerca de 90% dos pequenos negócios encerram suas atividades antes mesmo de completar um ano. E ainda apenas 2% sobrevivem até o quinto ano de vida.

Isso acontece na grande maioria das vezes pela falta de preparação e conhecimento das pessoas que optam por iniciar um novo negócio. Elas pensam nos ganhos que terão, na busca de uma oportunidade, ou na certeza de que sua “grande idéia” dará certo e que a empresa vai gerar excelentes resultados por conta própria; não dando a devida importância para a gestão administrativa e para os controles financeiros do novo negócio, ocasionando muitas vezes vida curta para o empreendimento.

Isso ocorre porque a maioria das micro-empresas e empresas de pequeno porte iniciam suas atividades sem muito planejamento.

As pessoas que criam um novo negócio ou que possuem uma idéia empreendedora são excelentes profissionais na atividade que exercem, mas não se preocupam em cuidar da saúde financeira e administrativa de sua empresa.

Mesmo os profissionais que atuam em áreas específicas, que aqui denominamos de autônomos como advogados, psicólogos, médicos, engenheiros, odontologistas deveriam ter um gerenciador para seus empreendimentos ou deveriam ter em sua formação universitária noções de como administrar seus empreendimentos.

Toda pessoa que deseja ter seu próprio negócio deve, antes de lançar-se a essa nova empreitada conhecer um pouco mais sobre a atividade empreendedora que está se propondo a realizar.

O empreendedor deve conhecer alguns fatores importantes para o desenvolvimento de sua empresa, como o valor do investimento a ser realizado, o prazo de retorno do capital investido, a rentabilidade e a lucratividade do negócio. Além de conhecer a fundo as especificações de seus produtos ou serviços, os custos para fabricação dos mesmos, o preço de venda. Deve ainda, conhecer como se comporta e quais as características dos agentes do mercado que são formados, em síntese, pelos clientes, fornecedores e concorrentes.

Essas informações poderão ser obtidas através de um estudo de viabilidade econômica que pode ser realizado por profissionais das áreas de contabilidade, administração ou economia. Mas se não quiser contratar um consultor, o SEBRAE possui informações que podem ser úteis aos futuros empreendedores.

Outro aspecto importante em relação ao empreendedor é relacionado ao seu perfil. O perfil ideal pode ser conceituado pelo sucesso de seu negócio ou empreendimento, porém essa é uma afirmação muito ampla e subjetiva.

Qualquer pessoa pode ter características de um empreendedor. Mas também, essas características podem ser adquiridas, desenvolvidas e aperfeiçoadas com o passar do tempo, por meio de cursos, treinamentos, participando de congressos, seminários, e reciclando-se dia-a-dia para acompanhar as tendências do mercado e para manter-se atualizado profissionalmente. Consequentemente melhorando as atividades de sua empresa.

Dentre as inúmeras características que constituem um profissional empreendedor destaca-se aqui as dez mais importantes:

1- Iniciativa e busca de oportunidades: é aquela pessoa que age antes de ser solicitado, sempre procura expandir seu negócio, vê novas oportunidades e vai em frente, tem sempre boas idéias e as transforma em negócio;

2- Persistência: sempre busca alternativas para superar os obstáculos e atingir seus objetivos, traçando metas para facilitar o alcance de seus objetivos;

3- Comprometimento: faz o que for preciso para concluir os trabalhos, colabora e dá o exemplo, gera empatia a seus colaboradores, busca sempre manter bom relacionamento com clientes mantendo-os satisfeitos sempre;

4- Qualidade e eficiência: sempre procura melhorar seus produtos otimizar seu tempo, produção e lucro reduzindo suas despesas e custos, porém sempre mantendo a qualidade de seus produtos e/ou serviços;

5- Correr riscos calculados: corre riscos, porém sempre calculados e analisando amplamente as alternativas existentes, sempre mantendo o controle sobre as ações e seus resultados;

6- Metas: define metas de curto, médio e longo prazo e essas metas precisam ser reais e alcançáveis para que se realizem. As metas são traçadas para auxiliar no alcance do objetivo maior que é o lucro do empreendimento, cabe ressaltar que as metas devem também ser acompanhadas e se necessário, reavaliadas;

7- Dedicação: dedica-se constantemente na busca de informações que atraiam mais clientes e mais qualidade a seus produtos, busca aperfeiçoamento contínuo para manter-se informado das tendências do mercado em que está inserido;

8- Planejamento: o planejamento é uma das características mais importantes, pois é uma ferramenta que permite o acompanhamento do desempenho do negócio para auxiliar na tomada das decisões pertinentes à melhoria do empreendimento. Além do planejamento deve-se fazer o monitoramento das ações que foram planejadas, dividir as tarefas, definir prazos e cumprir esses prazos planejados e verificar se os resultados planejados estão sendo atingidos;

9- Rede de contatos: hoje se ouve muito falar em network, que nada mais é que a rede de contatos do empreendedor ou da empresa, aí incluem-se os clientes, colaboradores, fornecedores, concorrentes, terceirizados, e outros;

10- Autoconfiança: é entusiasmado e busca constantemente melhores resultados. É autodeterminado, sabe tomar decisões com segurança e riscos calculados.

Segundo LEITE (2000): “Empreendedores são um dos ativos mais importantes de qualquer economia. Invariavelmente, as micro e pequenas empresas costumam responder pela maior fatia na geração de empregos e por substancial parte do PIB, nos mercados mais desenvolvidos. Difícil é ser um deles. Os empreendedores são ágeis, persistentes e, geralmente, trabalham com um tipo de capital intangível: boas idéias.”

A decisão de se tornar empreendedor pode ocorrer por acaso. Segundo DORNELAS (2001), essa decisão ocorre devido a fatores externos, ambientais e sociais, a aptidões pessoais ou a um somatório de todos esses fatores, que são determinantes para o surgimento de uma nova empresa.

Para o autor, o processo de empreendedor inicia-se quando um evento gerador desses fatores possibilita o início de um novo negócio.

As oportunidades se confundem com a idéia. A idéia é o ponto principal no encontro de uma oportunidade, ou na manutenção e garantia de que a oportunidade irá ou continuará gerando frutos. A idéia pode surgir de diferentes formas e em diferentes momentos e circunstâncias.

Elas podem surgir através de uma necessidade. Por exemplo, um funcionário que foi demitido de uma grande empresa e que se sente obrigado a buscar uma nova forma de manter-se no mercado de trabalho ou podem ocorrer da descoberta de um novo nicho de mercado.

Nota-se que os empreendimentos surgem ou são criados de grandes idéias ou situações de mercado, de necessidades ou oportunidades geradas por diversos fatores do mercado.

Além da importância de se identificar uma grande oportunidade, o importante é observar as características de um empreendedor.

Se você tem uma idéia ou tem uma oportunidade em potencial e não tem as características necessárias para iniciar seu empreendimento não se preocupe, o empreendedor não nasce com todas as características, mas elas são aprendidas e aperfeiçoadas constantemente na relação de profissionalização do empreendedor e empresa.

Se você tem uma idéia. Analise as possibilidades de transformá-la em um empreendimento, mas não se esqueça que antes você deve fazer um planejamento para não acabar tendo surpresas desagradáveis. Procure anotar tudo sobre o empreendimento. Coloque tudo no papel para melhor analisar, anote quanto você vai investir, qual a origem e o custo desse capital, qual o custo do produto ou serviço que se pretende produzir, qual será o preço de venda, em quanto tempo o capital investimento retornará, qual a lucratividade da empresa.

Depois de tudo planejado arregace as mangas e prepare-se para trabalhar muito e BOA SORTE.

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

LEITE, Emanuel. O Fenômeno do empreendedorismo: criando riquezas. Recife: Bagaço, 2000.

DORNELAS, José Carlos Assis. Empreendedorismo: transformando idéias em negócios. São Paulo: Editora Campus, 2001.

Autor: Jorge Soistak
Contato: jorges@unimedpr.com.br
Bacharel em Ciências Contábeis, Pós-graduado em Gestão de Negócios e Auditoria e Gerente Contábil-Financeiro da Unimed Ponta Grossa.

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