Um estudo do Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT), difundido pela imprensa, evidencia que a inadimplência, perante o governo municipal, estadual e federal, cresceu 50% nos últimos dois anos.
Alega que os contribuintes estão sem capacidade para pagar os tributos em dia.
À inadimplência tributária soma-se aquela com os credores, fato denunciado pelo expressivo número de cheques sem cobertura de fundos competentes.
Mostram os dados divulgados que nos últimos dois anos cresceu em 50% a incapacidade de pagar.
Paralelamente, a “marginalização” tem-se elevado expressivamente (fugindo dos terrores da burocracia e dos impostos abusivos) e a situação anômala começa a causar um acentuado mal estar.
Os dados do IBPT, segundo estou informado, tiveram como base informações coletadas na Receita Federal, Procuradoria Geral da Fazenda Nacional (PGFN), Instituto Nacional do Seguro Social (INSS) e nas secretarias de Fazenda e de Finanças de estados e municípios.
A questão, entretanto, se por um lado pode debitar-se à má orientação da política econômica (notadamente com juros, burocracia e impostos), também é conveniente ressaltar que se pode derivar de administrações empresariais mal orientadas.
Defeitos internos e externos, ambos somam-se e influem.
Na realidade, entendo a política econômica governamental como equivocada, mas, não deixo de considerar que muitos erros defluem, também, de questões internas nas empresas.
A falta de sistemas adequados de escrituração e demonstração contábil, somada ao de uma ausente orientação pertinente, causa graves males.
Muitos dos casos que em minha longa experiência profissional tive em mãos para estudos, defluiam de defeitos de diretrizes sadias no governo dos capitais.
Grande parte dos processos de concordatas e falências que analisei, assim como estatísticas que recebi de institutos de pesquisas, levaram-me a conclusão de que a incompetência administrativa influiu nos desajustes do capital das empresas.
Os desequilíbrios sucedem quando há maior ou menor investimento em relação à real necessidade ou, então, excesso ou escassez de financiamentos ou recursos.
Como tais fatos podem ser detectados através de análises, de testes e aplicações de modelos de comportamentos do capital, a ausência destes tende a alimentar as insolvências.
Uma excepcional obra de um matemático italiano, o prof. Salvatore B. Virgillito, de grande atualidade, acaba de ser lançada em São Paulo, pela editora ALFA-OMEGA (), provando em números como devem ocorrer as quantificações sobre a questão.
Sob o título “Neopatrimonialismo contábil em base estatística – Modelos estocásticos avaliando eficácia e risco de insolvência”, o livro referido, em linguagem clara e objetiva, mostra o que deve ser feito para produzir controles eficazes, através dos recursos da Contabilidade associados à Estatística.
Com enfoque moderno o prof. Salvatore apresenta os recursos técnicos para que se possa bem administrar com eficácia.
Não há dúvida, portanto, que muitos erros se derivam da falta de conhecimento do empresário, agravado pela falta de busca de orientação, esta que deve ser solicitada ao contabilista.
De tal forma, entretanto, progrediram os recursos da ciência que os riscos podem ser substancialmente sanados se existe precaução quanto ao aplicar recursos e medir os gastos.
A insolvência, derivada da falta da liquidez, é uma “ineficácia”, ou seja, uma aplicação mal feita de capitais, somada à insuficiência de recursos com a tempestividade necessária.
Ou seja, o dinheiro falta quando se investe mal ou além do que se pode, ou, então, quando não se medem os tempos em que devem ocorrer as realizações do aplicado e o pagamento das obrigações.
Isso não implica eximir a política governamental desse processo e nem desmerecer os estudos feitos, mas, apenas evidenciar que existem empresas prósperas e não prosperas, mesmo dentro de um regime defeituoso como o que economicamente estamos a viver de há muito.
Os controles internos, as análise que ensejam orientações seguras, são antídotos de raro valor na proteção contra o risco das insolvências, pois, tendem a anunciar, com a antecedência necessária, as correções de rumos que devem ser empreendidas.
Autor: Antônio Lopes de Sá
Contato: lopessa.bhz@terra.com.br
Doutor em Letras, honoris causa, pela Samuel Benjamin Thomas University, de Londres, Inglaterra, 1999 Doutor em Ciências Contábeis pela Faculdade Nacional de Ciências Econômicas da Universidade do Brasil, Rio de Janeiro, 1964. Administrador, Contador e Economista, Consultor, Professor, Cientista e Escritor. Vice Presidente da Academia Nacional de Economia, Prêmio Internacional de Literatura Cientifica, autor de 176 livros e mais de 13.000 artigos editados internacionalmente.