A seriedade aliada à competência dos programas e estudos executados pela Uniderp e Unaes, cujas universidades dignificam o campo de estudo do terceiro grau sul-mato-grossense, acaba de comprovar cientificamente, mais uma vez que o povo tem razão. O Núcleo de Estudos e Pesquisa Econômica e Sociais da Uniderp, em parceria com a Unaes, ao mensurar o Índice de Preço ao Consumidor de Campo Grande (IPC/CG), registrou que “os reajustes da telefonia fixa e da energia elétrica devem barrar neste mês o recuo inflacionário…”
O povo está certo porque sente em sua carne e no seu poder aquisitivo, que o país não vive uma economia sadia, mas mal sã e perversa. Impera o canibalismo de donos de postos de combustíveis, empresas de energia elétrica, concessionárias de telefonias, de tratamento de água, planos de saúde, ônibus e distribuidoras de gás de cozinha que estão comendo assanhada e despudoradamente as carnes, cérebros e vísceras dos que os mantém vivos. Mas até quando?
A liberação dos preços para a gasolina é problemaço, que se soma a outros tantos. De preços livres, praticamente não existe quase nada, pois cobram ludibriando o livre mercado ou livre concorrência. Na mesma canoa furada estão as distribuidoras de gás de cozinha que cobram quantias iguais. Ou segundo, a imprensa, forçam os microrrevendedores a manterem preço fora de concorrência.. Tudo isso, junta-se para aumentar o sofrimento e o medo do trabalhador perder o emprego ou de não conseguir ser recolocado no mercado de trabalho.
Como bem observou o professor Celso Correia de Souza, coordenador do Núcleo de Estudos e Pesquisas Econômicas e Sociais da Uniderp, os chamados preços administrados pelo Governo permitem reajustes contínuos e muito acima da variação dos chamados preços livres que são determinados pela lei da oferta e da procura. Além de que os preços administrados são reajustados bem acima da inflação!
É urgente que o governo central entenda um fato simples e contundente: a sociedade brasileira já não aguenta a carga tributária que lhe é cobrada, com cada vez mais acréscimos. Principalmente ao saber que ao contrário do que acontece em nações desenvolvidas, os contribuintes daqui não sentem a contraprestação do que pagam, direta ou indiretamente aos cofres do tesouro nacional. Ao menos no grau que merece. Isto é uma constatação do cidadão comum, e dos governos municipais e estaduais também. O que acontece é uma escancarada quebra de grosseira mesquinhez do poder central o “poder” federativo e o poder do cidadão eleitor.
Não é demais lembrar que a presente crise já fez o brasileiro verter suor e lágrima, sobre a queda de investimentos, retração das atividades produtivas, decréscimo de venda per capita e o aumento do desemprego.
O que vemos na mídia, diariamente, não se trata de simples figura de conversa, mas de sofridos seres humanos que cada vez em maior número, caminham sem parar em busca de emprego ou subemprego (os ansiosos), ou aqueles que se deixam levar pelos problemas que lhes são jogados (os depressivos), como se incompetentes para administrar suas existências e dos que lhes são dependentes. Ambos, os ansiosos ou os depressivos estão sem saber se amanhã terão diante de si ou pelo menos de seus familiares, um prato de comida.
A constatação, reafirmada, de que o povo tem razão, é que a usura institucional que está maltratando a sociedade é uma perversão econômica. E este é o resultado do que já é admitido pela população, de que quem governa não é o Executivo nem o Congresso, mas um pequeno fragmento que manda e desmanda. Pelo menos, parece que assim era.
Não temos livre mercado no Brasil, nem livre concorrência. Existe a imposição maldita de preços fixados longe do povo. E o que é pior, com o conhecimento do governo federal.
Afinal, acredito que a sociedade deve se manifestar objetivamente, exigindo do governo que ele planeje a economia nacional. E acabe com essa política econômica horrorosa, que só responde, e quase nunca de acordo com os problemas do momento. Sobretudo que deixe de correr atrás de prejuízo. Mas, que corra do prejuízo, com uma economia preventiva.
Assim, torcemos todos para que o Presidente acerte o passo, rumo ao desenvolvimento e distribuição de renda.
Ruy Sant Anna dos Santos
Advogado e jornalista