Por Luiz Cláudio Menezes*
O desenvolvimento técnico-científico redundante é um dos entraves que ajudam a diminuir as já restritas verbas de pesquisa e desenvolvimento (P&D) das indústrias. Calcula-se que, só na Europa, cerca de 32 milhões de Euros são perdidos anualmente em investigação redundante e duplicidade de pesquisas. Ou seja: na criação de “invenções” cuja matéria, na verdade, já se encontra protegida por meio de patentes em nome de terceiros.
Além de tremendamente frustrante, este esforço repetitivo costuma ainda acarretar ações extra-judiciais, e até processos, provocados por titulares de patentes cuja existência só se evidencia depois que o “novo” produto é levado oficialmente ao mercado.
Para as empresas de consultoria em propriedade intelectual (PI), desatar este tipo de nó representa um dos grandes desafios atuais. A grande dificuldade estava, até bem pouco tempo, na falta de metodologias ou instrumentos capazes de mapear a movimentação das pesquisas e dos depósitos de pedidos de patentes ao redor do mundo.A disponibilização de uma ferramenta eficiente de informação e posicionamento tecnológico, capaz de evitar o esforço repetitivo(ou até a violação involuntária de patentes),faria com que este objetivo fosse atingido.
As empresas de Consultoria em Propriedade Intelectual passariam a atuar com um provedor de inteligência e de processos capazes de mapear e identificar tendências de tecnologia que iriam impactar todo o planejamento estratégico das Indústrias. Essa consultoria passaria então a interessar não só ao setor jurídico das corporações, mas também atingiria um espectro da gestão que engloba interesses desde o marketing de novos produtos, até as políticas regionais e o investimento em engenharia e P&D.
A boa notícia para todos os envolvidos com patentes – e com atividades de inovação tecnológica – é que já existe tecnologia desenvolvida para oferecer estes novos parâmetros de serviço. A nova metodologia de posicionamento tecnológico, que começa a ser oferecida inclusive no Brasil, coloca em novo patamar a oferta de informações técnico-científicas sobre patentes e garante uma gama de indicadores capazes de otimizar o planejamento estratégico de P&D das empresas.
Além de ajudar a conhecer as tendências tecnológicas da indústria, esta ferramenta permite avaliar as políticas industriais de inovação e identificar o lançamento de novos produtos. Ou seja, de posse dessa ferramenta, podemos identificar oportunidades de negócios na própria área de Propriedade Intelectual, participando de forma pró-ativa em processos de transferência de Know-how ou licenciamento de patentes, por exemplo.
Com o apoio destes conhecimentos, vários setores das empresas, como engenharia, desenvolvimento e marketing, podem prever com precisão os impactos de novos projetos e, assim, definir sua real viabilidade mercadológica, não incorrendo mais em investigações redundantes e duplicidade de pesquisas. Ou em outras palavras, investindo de forma mais assertiva suas normalmente restritas verbas de P&D.
*Luiz Cláudio Menezes é diretor da Clarke Modet & Cº no Brasil