Pelo presente artigo, todos que lidam na Imprensa falada, escrita, televisada e virtual estão convocados para o grande movimento em prol da educação em Mato Grosso do Sul, em Campo Grande. Revogam-se as disposições em contrário.
É uma brincadeira muito séria. Não há mais tempo para reflexão. Só há tempo para agir. A qualidade da educação no Brasil está passando dos limites da incompetência e chegando ao absurdo.
Fora de qualquer questão pessoal ou política. Os resultados dos levantamentos de dados estão aí para dar veracidade e indicar posições que devem ser tomadas pela sociedade e segmentos representativos. Não tenho, até o momento, nenhuma informação de que algo esteja sendo feito para realizar uma ruptura com o sistema educacional existente, arcaico, inoperante e improdutivo.
Os nossos dirigentes têm um verdadeiro pavor de realizar mudanças na estrutura educacional, motivado pelo medo do quarto ano. Insistem em ficar de olhos fechados. A não saber de nada, como Lulla. Os professores realizam o seu papel desmotivados e temerosos de modificações. Poucos, com exceções, se preocupam com a formação do seu aluno. Muitos, com exceções, não têm preparo para o exercício da atividade com eficiência.
Onde está o erro, a culpa, a irresponsabilidade nesses resultados do nosso ensino básico? É absurdo aceitar que 55% dos alunos da 4ª série, segundo dados do Sistema Nacional de Avaliação da Educação Básica, podem ser considerados analfabetos. É preciso salvá-los. Todos os caminhos nos levam à ineficiência da administração pública no trato da Educação.
Ainda não entenderam que não é número de salas de aula, de merendas e outros itens, que vão dar qualidade ao ensino. Eles, os itens, fazem parte de uma estrutura necessária, mas o papel da escola é ensinar e para tal, mister se faz, que os professores estejam qualificados. E mais, o corpo diretivo da educação no Brasil, tem que ser formado por pessoas de alto conhecimento técnico, auxiliado por membros criativos e de reconhecida visão histórica da educação, não só do Brasil como do resto do mundo. É bem verdade que isto seria o ideal, entretanto, sabemos que esse corpo de mentes privilegiadas, além de ser escasso, os existentes não são convocados.
Na esfera estadual e municipal não poderíamos exigir este enunciado, mas sabemos que pessoas criativas, preparadas e de excelente senso de evolução do ensino, são deixadas de lado em “acertos políticos”.
Não estou aqui para fazer críticas. Quero abrir mentes. Por essa razão, venho convocar os meus companheiros de imprensa, o 4º poder da Nação, a tomar a iniciativa ou atitude diante desses fatos que tanto denunciamos no dia-a-dia do nosso trabalho. Em uma atitude pioneira, podemos fazer muito pelas crianças e jovens do nosso Estado, da nossa cidade.
Vamos tomar frente, fiscalizar, denunciar, cobrar, exigir dos dirigentes responsáveis pela educação na nossa terra, uma postura mais agressiva, criativa e de resultados. Vamos abrir mais espaços à educação com matérias, artigos, entrevistas e publicação de avanços de escolas que obtiveram sucesso na evolução do ensino, com palestras de seus dirigentes, para intercâmbio de técnicas e conhecimentos.
É importante exigir que o poder público estimule e ofereça cursos de mestrado aos professores e premiação àqueles que realizam trabalhos ou estudos inovadores e produtivos à educação. Que desenvolva constantes campanhas de esclarecimento à população, do valor que tem uma criança bem preparada, chamando à responsabilidade os pais tão distantes da educação do filho. Precisamos ter maior participação nas escolas com visitas e divulgação do que está sendo feito pelos diretores para melhor qualificação dos alunos.
O 4º poder tem instrumentos para realizar tudo isso. Basta querer. É preciso avaliar que as nossas crianças não podem ficar reféns de vontades políticas que visam, sem medo de errar, resultados imediatos, visíveis e de ganhos de imagem a curto prazo para alavancar votos antes da próxima eleição. Daí o desleixo com resultados pedagógicos, que são demorados, invisíveis e de longo prazo. Nós podemos fazer isso mudar. Aos companheiros de imprensa, que pensem e analisem a proposta, a convocação.
Raphael Curvo, Advogado