Marcos Rogério Gonçalves
Conforme são constituídas, as bancas jurídicas necessitam administrar seus conteúdos informacionais, como em qualquer meio empresarial. Por isso, é necessário ter um profissional adequado e apto a trabalhar informação e conhecimento, como um facilitador que filtre o que é de relevância, para agregar valor às tomadas de decisão.
É fato que as organizações empresariais e os escritórios de advocacia modernos, sofrem ininterrupto assédio dos ambientes externos aos quais estão ligadas: as economias oscilam de acordo com a vontade dos mercados nacionais e estrangeiros; os mercados, por sua vez, estão à mercê dos órgãos reguladores; os concorrentes ansiosos por uma fatia maior do quinhão que compete a cada um em seu ramo de atividade; os fornecedores ávidos por submeter às empresas seus produtos; os clientes mais exigentes.
Tudo isso abala os alicerces, mas também sustenta e dá rumo às negociações mercantis que acontecem a cada segundo e, nesse conturbado contexto, as tomadas de decisão nascem a partir da aquisição do conhecimento.
O conhecimento formal das bancas jurídicas apresenta-se, geralmente, associado aos sistemas de informação: centros de documentação, bibliotecas, arquivos (físicos ou virtuais), bases de dados. O conhecimento advindo destes suportes básicos -não se falando aqui do conhecimento tácito de cada indivíduo-, é o guia nas investidas destas empresas contra seus limites e a favor de sua missão, de seus objetivos, de seus produtos (conhecimento de alta qualidade). É o item fundamental para os tomadores de decisão.
Como evitar que, a cada suspiro do mercado, as “estruturas” das empresas sofram perdas e, assim, vivam de sobressaltos, de presságios? Esta é a pergunta para a qual os departamentos de informação e de conhecimento precisam estar prontos a responder no que lhes compete e, neste aspecto, devem tais departamentos e, principalmente, as instituições a que pertencem, utilizar a estratégia e a observação ambiental como recursos para se conhecer. Conhecer seu raio de ação mercadológico é primordial: cada indivíduo compõe seu capital intelectual, seus concorrentes e seus fornecedores.
Numa análise informacional, do ambiente empresarial, é possível optar por um projeto de gestão do conhecimento empresarial que alcance os objetivos desejados (dê frutos) e, nesse sentido, como parte importante desse projeto, a visualização pela análise de SWOT tem como objeto fazer investigações empresariais dos ambientes externo e interno onde estão inseridos. O objetivo principal consiste em evidenciar, no campo do planejamento estratégico, forças, fraquezas, oportunidades e ameaças. Os pontos fortes e fracos (forças e fraquezas) têm relação direta com o ambiente interno da instituição, bem como as oportunidades e ameaças são vislumbradas a partir de fatores externos a ela.
Para que o planejamento das ações resulte em benefícios, é necessário que a empresa esteja fortemente munida de profissionais e tecnologia da informação, que faça análises periódicas sobre as ameaças e oportunidades que permeiam seu mundo de negócios. Tais análises servem a minimizar impactos ou, preferencialmente, evitá-los.
É certo que quando analisamos o ambiente empresarial externo deparamo-nos com um vasto espaço de incertezas. Este ambiente é repleto de informações que podem ser contra ou a favor dos princípios base da organização, então, para suscitar segurança nas tomadas de decisão, os escritórios de advocacia necessitam fazer constantes investigações do que podem ser consideradas oportunidades e ameaças aos negócios.
Para complementar o prisma das técnicas de arquitetura do conhecimento, é tarefa que pode ser empreendida por gerenciadores de conteúdos informacionais a visualização do âmbito externo e o mapeamento do ambiente interno, dando-lhes características de conteúdos informacionais.
Administrar as informações e conhecimentos que impregnam os ambientes de negócios é como administrar ativos de altíssimos valores mercadológicos, como os papéis nos mercados de capitais. Sendo os especialistas em conteúdos informacionais de mercado os ativos intangíveis em capital intelectual e know-how, com a expertise necessária para trabalhar tais conhecimentos quando das relações mercantis diante das tomadas de decisão, em relação ao acesso a tais conteúdos.
Os sistemas informacionais e de conhecimento, como departamentos internos das bancas jurídicas, são estratégicos dentro destas organizações e, por isso, no desenvolvimento dos processos de observação ambiental interna e externa, peça-chave, pois neles são empregadas técnicas de armazenamento e recuperação de conteúdos ímpares a fim de visualização ampla, relativa aos conhecimentos de cada um dos membros que compõe a instituição.
A atuação do departamento de gerência de informação e conhecimento poderá ser mais profícua se aliada aos departamentos de gerência de recursos humanos e ao de tecnologia da informação. Esta tríade poderá desenvolver e concentrar excelência em trabalhos conjunto, pois um complementará os outros nas tarefas que cabem a cada um no âmbito de suas atuações.
Então, ter o profissional adequado a trabalhar os conteúdos informacionais, que facilite a aquisição, a indexação (guarda) e, principalmente, a recuperação da informação correta e com celeridade, a ser transformada pelo agente que a busca em conhecimento com eficácia, privilégio que agrega valor às tomadas de decisão pelos gerentes visto que, hoje, a rapidez em se obter conhecimento é requisito básico que pode ser o diferencial entre a ascensão e o fracasso das negociações no mundo mercadológico, ou seja, no mundo jurídico/empresarial.