A contra-informação em campanha política deve estar em declínio e a sociedade, ao que se vê, está atenta aos atos dos políticos. Embora exista uma parte da mídia que propagou que “os formadores de opinião” influência alguma teriam nas eleições, as urnas provaram o contrário.
No Brasil de norte a sul, a maioria dos “sanguessugas” foram defenestrados pelas urnas e não conseguiram voltar. Entretanto, muitos “mensaleiros” ainda foram eleitos – sendo que alguns como os mais votados de seus partidos. Na certa, se alguma sociedade civil tivesse divulgado suas “tramóias”, provavelmente não teriam retornado à Câmara.
Interessante neste jogo de “opiniões” são aquelas colocadas de forma transversa e por pessoas que acreditam que outros não pensam. Vou aproveitar este espaço, para fazer uma crítica direta à propaganda ridícula contra a senadora eleita, Marisa Serrano, pela CUT e alguns membros do PT. Marisa Serrano não me outorgou procuração para falar em seu nome, também não o pedi, porém necessário esclarecer os fatos ocorridos nos últimos 15 dias de campanha.
No dia 28 de setembro, a três dias das eleições, a CUT (Central Única dos Trabalhadores), central sindical onde a maioria da sua diretoria é ligada ao PT, publicou nota no Correio do Estado com o seguinte título: “A CUT em defesa das trabalhadoras/es, e em defesa da verdade”. A nota informava que Marisa Serrano havia votado “contra as mulheres e contra a licença maternidade” em 2001(sic), quando atuava como deputada federal. Abaixo, a nota, trazia um recorte do Jornal Correio Brasiliense, com montagens de palavras – não sabendo se era fruto de matéria paga – e um extrato do Diário Oficial da União, que reproduzia uma publicação de “Projeto de Lei” do Congresso Nacional.
A nota, toda tendenciosa, ainda colocava um quadro ao lado com palavras inteligíveis e o nome de Marisa com a palavra “SIM” em destaque, dando a conotação que tratava de seu voto “contra a licença maternidade”. A publicidade é uma afronta à inteligência de qualquer pessoa e merece a minha reprovação, como de qualquer democrata, haja vista que manipular informações e modificar a verdade é prática de pessoas totalitárias, não sendo aceitável numa democracia.
Se atentarmos ao “projeto de lei” publicado com a nota, trata-se do projeto de lei para a “flexibilização do contrato de trabalho” que modifica o artigo 618 da CLT, que sequer foi votado no Congresso. O que? É isto mesmo! O pessoal da CUT, pretendendo desmoralizar a candidata, inventou um fato e montou uma “notícia” (qualquer semelhança com a história do “dossiê antitucano” é mera coincidência, OK!).
Pois bem, a flexibilização do contrato de trabalho não retira direitos constitucionais das trabalhadoras, como a licença maternidade. Assim, a nota estava prestando um desserviço à democracia e, na minha opinião, o fato deveria ser apurado como crime eleitoral. Fora isto, lamentável que o candidato do PT ao senado, Sr. Egon Krakheke, tenha usado do mesmo material para fazer campanha e denegrir a imagem de sua adversária. A condução do denuncismo fabricado e sem fundamento é prática do coronelismo, tão condenada outrora pelo Sr. Egon.
A denúncia “não pegou”, mas demonstrou que a mentira, muitas vezes, de tão repetida, passa a ser “a verdade falada”, como fazia Hitler com o povo alemão. O fato é reprovável e, por respeito à democracia, poderia haver pedido desculpas do Sr. Egon à Sra. Marisa, pois, antes da política e das paixões partidárias, temos que “calçar as sandálias da humildade” e respeitar o jogo democrático, onde uns perdem e outros ganham. Quanto à CUT, só temos a lamentar o episódio, e lembrá-la que poderia divulgar que o governo Lula passou a descontar dos aposentados parte dos seus ganhos (ah! Esqueci da orientação: quem faz “algo” contra os trabalhadores sempre são os outros).
E o segundo turno está aí, e quando comentam que o povo está desinformado relembro a frase de Abraham Lincoln: “Pode-se enganar alguns, por certo tempo, mas não todos, o tempo todo”.
SERGIO MAIDANA, *Advogado em MS (sergiomaidana@ig.com.br)