Os companheiros retiraram do baú a velha bandeira vermelha, gasta e cheirando a naftalina, guardada desde o escândalo do mensalão. Eles apareceram cantando hinos revolucionários, falando contra o neo-liberalismo e a globalização. O discurso “pós-moderno” era falar mal das privatizações e dizer que “neste país nunca teve” um governo igual ao do companheiro Lula.
Ao perceber que a militância pretendia reavivar a luta de classe, o “marketeiro” de Lula investiu pesado neste caminho, modificando a nossa bandeira nacional e colocando o vermelho nas suas cores. Nos palanques Lula gritava impropérios contra “eles” – referindo-se à oposição – dizendo que haviam privatizado “tudo” e que agora “não levariam” a Petrobrás, o Banco do Brasil e a Caixa Econômica. Enfim, despertou um nacionalismo doentio, combinado com uma luta de classe onde o “mal do Brasil” é “a elite da Avenida Paulista”.
A oposição, por outro lado, não soube destacar as contradições do discurso de Lula, ficou com vergonha e amedrontada, sequer disse que para ser fiel à ideologia de esquerda o Lula não poderia se aliar a pessoas de direita e conservadoras como Delfim Netto, José Sarney, Jader Barbalho e outros. Mas a oposição não ouviu sua base política, preferiu seguir o marketeiro iluminado, que pensou que estava trabalhando para uma campanha de presidente dos Estados Unidos.
Enfim: É Lula de novo! E após ter atirado para todos os lados, depois das eleições sobe no palanque e pede “paz” e “aliança”. Os camaleões da política já estavam aderindo à idéia, quando no dia seguinte os petistas começaram a reclamar das pessoas que vestiam preto, pois era dia de vermelho e preto era a cor do luto. Uma jornalista que foi entrevistar Lula na frente do palácio do Planalto foi repreendida por sua secretária e Ana Maria Braga ganhou artigo no “site” do PT censurando-a por usar roupa preta no dia 30 de outubro.
Mas, se pensava que estas idéias eram apenas de meia dúzia de bajuladores querendo mostrar serviço a Lula, o atual presidente do PT, Marcos Garcia, acreditou que as urnas proclamaram uma revolução e destacou o seu fundamentalismo ao criticar a imprensa e jogar a culpa da corrupção nas costas da mídia. Ao mesmo tempo, os militantes que recepcionaram Lula no aeroporto gritavam palavras de ordem contra a Rede Globo e agrediam jornalistas da Veja e de outros veículos de comunicação de São Paulo.
A vitória nas urnas não interessava a este povo, a intolerância sim. E coincidentemente, três jornalistas da Veja foram chamados para dar explicações sobre a fonte de suas reportagens na polícia federal (voltamos aos anos de chumbo?) e os adeptos do neo-lulismo nos meios de comunicação bateram palmas (cuidado! Amanhã pode ser você!). No outro dia, foi noticiada a condenação do professor carioca Emir Sader – que vive escrevendo em defesa do PT e de Lula, independente do tema – a um ano de detenção por criticar o senador Jorge Bornhausen que comentou o extermínio da “raça petista”. O professor Emir, ao responder, chamou o senador catarinense de “bandido”, “assassino” e outros adjetivos impublicáveis.
Porém, se pensou que os petistas acataram a sentença, se enganou. Resolveram fazer um movimento para desmoralizar a decisão judicial e pediram ajuda aos meios de comunicação. Onde vamos parar? Na realidade eu não sei. Mas, que está parecendo, um Talibã dos Trópicos, está!
*Sérgio Maidana, Advogado em MS (sergiomaidana@ig.com.br)