por Claudia Jardim
O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou nesta quinta-feira a nacionalização de uma das maiores instituições financeiras do país, o Banco da Venezuela, que pertence ao grupo espanhol Santander.
Em meio à crise financeira internacional, que tem afetado a economia do país com a abrupta queda do preço do petróleo, o presidente venezuelano afirmou que não retrocederia na decisão, que havia sido anunciada por ele no ano passado.
“Não, nada para trás. Hoje retomamos o tema, anuncio a nacionalização do Banco da Venezuela para dar mais força ao sistema bancário público nacional”, afirmou o presidente durante uma reunião ministerial transmitida pelo canal estatal.
No ano passado, Chávez adiantou que pretendia transformar a rede do Banco da Venezuela, com sucursais em todo o país, em uma versão venezuelana da Caixa Econômica Federal.
Chávez não informou, porém, quando a compra será efetivada.
Oferta
No início do mês, o ministro de Finanças, Ali Rodriguez, afirmou que o governo e o grupo espanhol mantinham uma “excelente relação”, mas não haviam chegado ainda a um acordo sobre a nacionalização.
A imprensa venezuelana afirmou em novembro que as negociações estavam estancadas porque não havia acordo quanto ao valor a ser pago como indenização.
O grupo Santander estaria exigindo o equivalente a US$ 1,2 bilhão, mas a oferta do governo era de US$ 800 milhões.
O Banco da Venezuela é uma das principais instituições do sistema financeiro do país e conta com pelo menos US$ 700 milhões investidos em operações na Venezuela.
Expropriações
Esta medida se soma a outras que o governo venezuelano vêm tomando nas últimas semanas, após prometer “aprofundar” a revolução bolivariana.
Há duas semanas, o governo retomou as expropriações de terras consideradas ociosas e determinou a estatização da produção de arroz da multinacional norte-americana Cargill.
As estatizações dos setores considerados estratégicos, porém, ocorrem desde 2007.
A partir deste período, foram nacionalizadas as companhias de telecomunicações e de eletricidade, a faixa petrolífera do rio Orinoco, a maior indústria siderúrgica do país e três empresas de cimento.
Em todos os processos, o governo pagou pela aquisição das empresas.