IR menor para renda fixa terá efeito limitado para fundos populares

por Rita Tavares

Mais da metade das aplicações perderiam da poupança com Selic em 7,5% ao ano

A criação de uma alíquota máxima de Imposto de Renda de 15% com pagamento no resgate e o fim da cobrança semestral (o “come-cotas”) para as aplicações financeiras de renda fixa terão efeito limitado para os fundos DI voltados para pequenos investidores. Segundo projeções de Marcelo D’Agosto, diretor do site especializado em fundos Fortuna (www.fortuna.com.br), 54% dos 257 fundos (FACs) DI perderiam da poupança se a taxa Selic recuar para 7,5% ao ano. De fato, esses fundos DI voltados para varejo já perderiam antes disso.

Se a taxa Selic cair para 9,5% ao ano no final de 2009, como prevê a pesquisa Focus do Banco Central, 17% dos fundos desse grupo, com patrimônio de R$ 118 bilhões no final do 1º trimestre, já teriam retorno menor do que a poupança. A projeção levou em consideração o retorno mediano de 11,97% dos FACs DI acumulado no 1º trimestre deste ano. Ou seja, R$ 20 bilhões (equivalente a 17%) poderiam sair desses fundos DI com destino à caderneta de poupança ou apenas trocar de instituição.

Em contrapartida, se a alíquota máxima de IR for de 15%, os fundos de investimento (FIFs) DI, voltados para clientes institucionais e grandes aplicadores, teriam retorno superior ao da caderneta de poupança até a taxa Selic atingir 7,5%, segundo D’Agosto. Quando a taxa Selic atingir esse patamar, apenas 3% dos 177 fundos desse grupo, com R$ 176 bilhões em patrimônio líquido no final do 1º trimestre, perderiam da poupança.

Taxas de administração

D’Agosto acredita que, se houver a unificação da alíquota de Imposto de Renda para a renda fixa (atualmente entre 22,5% e 15%) e variável (de 15%), o investidor terá estímulo para migrar de um fundo para outro, assim como de uma instituição para outra. “É preciso criar um instrumento que aumente a competição entre os bancos”, disse o diretor do Fortuna. Se a competição aumentar, ele vê inclusive espaço para a queda da taxa de administração cobrada pelos bancos que ainda é muito alta para pequenos investidores. Alguns bancos cobram taxas de até 6% ao ano para fundos de varejo.

“Se a alíquota for neutra (15% para todos), pode facilitar a queda das taxas”, afirmou. “A taxa só deve cair se houver mobilidade dos clientes.” Até hoje, o cliente resiste em mudar de fundo ou de banco porque está “amarrado” às alíquotas decrescentes do Imposto de Renda (22,5% com prazo até 180 dias; 20% com prazo de 181 dias até 360 dias; 17,5% com prazo de 361 dias até 720 dias e 15% com prazo acima de 720 dias).

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