Lei que prevê regras para ônibus fretados preocupa passageiros em SP

Pelo texto, veículos devem deixar passageiros perto de Metrô e trens.
Líder do governo Kassab afirma que medidas são para futuro distante.

Passageiros que utilizam ônibus fretados para chegar ao trabalho estão preocupados com a possível aprovação do projeto de lei 530/08, que institui mudanças nesse tipo de transporte.

O texto, que pode ser aprovado nesta semana pela Câmara Municipal de São Paulo, prevê que os ônibus fretados deverão parar em bolsões a serem criados ao longo das estações do Metrô e da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM). Para chegar ao trabalho, o passageiro teria que desembarcar do fretado e terminar o percurso em um meio de transporte sobre trilhos.

O vereador José Police Neto (PSDB), líder do governo na Câmara, confirmou que a lei deverá ser aprovada nesta semana sem as modificações exigidas por passageiros e donos de ônibus fretados. Mas ele esclarece que não há razão para pânico. Segundo o vereador, os fretados só terão a circulação restrita quando o sistema de trens e Metrô tiverem condições de absorver e atender a demanda dos passageiros de fretados.

“Isso é de longo prazo. Não é para amanhã e nem para a semana que vem. O sistema de fretamento é importantíssimo para a cidade. Tanto que queremos a migração daquele que usa seu carro hoje para o fretamento e futuramente a integração do fretamento para o sistema sobre trilhos. As pessoas não serão largadas em bolsões e nunca mais circularão por São Paulo. Não é essa a ideia do projeto”, afirmou Police Neto.

O projeto de lei prevê, no artigo 47 e nas disposições finais, a necessidade de regulamentar a circulação, parada e estacionamento de ônibus fretados e de criação de bolsões de estacionamento ao longo das linhas de Metrô e de trem da CPTM. As medidas são descritas como parte do esforço para racionalizar e redistribuir a demanda pelo espaço nas ruas, melhorar a fluidez do tráfego e diminuir os picos de congestionamento.

O diretor executivo do Sindicato das Empresas de Fretamento de São Paulo, Jorge Maia, defende a retirada das menções aos fretados do texto da lei. “O nosso passageiro é diferente. Ele não quer Metrô e trens porque estão lotados.” De acordo com Maia, o sindicato tem 83 associados e representa 300 empresas do setor.

O presidente da Associação dos Executivos de Ônibus Fretados da Zona Leste de São Paulo, Geraldo Maia, afirma que se a lei for aprovada, os passageiros de sua região que se destinam aos edifícios de escritórios das zonas Sul e Oeste terão de embarcar na estação Tatuapé, na Zona Leste, e enfrentar uma longa viagem até o destino final.

A analista de crédito Gláucia Araujo, que trabalha na região da Avenida Luís Carlos Berrini e mora em São Bernardo do Campo, no ABC, afirma que usa o fretado há três anos e não quer mudar de transporte. “Tem gente que mora em Campinas, Santos e Jundiaí. Imagina como esse pessoal vai ficar”, afirma. Para ela, além de meio de transporte, o fretado representa um ambiente de descontração. “É onde eu estudo e encontro os amigos. Temos até as festinhas de sexta-feira”, diz.

A coordenadora de vendas Helaine Cristina Mariano, que faz o mesmo percurso entre São Bernardo do Campo e a região da Berrini, afirma que não tem sentido tirar os fretados das ruas. “Já imaginou se vai todo mundo de carro? Quem usa fretado não usa Metrô e não usa trem”, afirma ela.

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