Matéria da revista Isto
É envolvendo o deputado federal Edson Giroto (PR) como um dos padrinhos de obras irregulares provocou inquietação no governador André Puccinelli (PMDB) e pode “melar” a pré-candidatura do parlamentar à Prefeitura de Campo Grande. Giroto, principal nome da base aliada para entrar na disputa, é acusado de intermediar a liberação de R$ 26 milhões para a construção do Terminal Intermodal em Campo Grande.
A obra foi paralisada por determinação do Tribunal de Contas da União (TCU) por causa de sobrepreço e falhas na fiscalização realizada pelo Ministério dos Transportes. Ainda segundo a revista, Giroto recebeu em sua campanha, no ano passado, doação de R$ 163 mil da Consegv Planejamento — uma das empreiteiras contratadas para a execução do empreendimento.
A construção do terminal intermodal, também conhecido como porto seco, começou em julho de 2007 e foi paralisada quatro meses depois, após o TCU detectar as irregularidades. No total, o empreendimento ficou parado por 10 meses. Na época, o prefeito Nelsinho Trad (PMDB) promoveu readequações no contrato e negou as irregularidades. Segundo ele, não houve sobrepreço, mas divergências técnicas com a composição do preço.
O recurso para bancar a obra, que até hoje não está concluída, parte, principalmente, dos cofres do governo federal. Giroto como secretário de obras do Estado, na época, conduziu as negociações para liberar a verba. Em junho do ano passado, já como deputado federal, ele também ajudou a articular a liberação, por parte do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), de mais R$ 18,2 milhões para a construção do terminal, localizado às margens do anel rodoviário, entre as saídas para São Paulo e Sidrolândia.
Projeto ameaçado
A publicação de novas denúncias contra Giroto estão “melando” cada vez mais a sua pré-candidatura à Prefeitura de Campo Grande. Por conta de sua forte ligação com o governador André Puccinelli, ele é considerado o principal nome da base aliada para disputar a sucessão de Nelsinho Trad. O problema, no entanto, é “limpar” a imagem do parlamentar com o eleitor diante de tantas denúncias.
Recentemente, a revista IstoÉ publicou o envolvimento de Giroto em outro escândalo de desvio de recursos do Ministério dos Transportes. Segundo reportagem, quando exerceu o cargo interinamente no ano passado, para que Alfredo Nascimento (PR-AM) fizesse campanha ao governo do Amazonas, o ministro Paulo Sérgio Passos liberou um total de R$ 78 milhões em créditos suplementares para três grandes obras constantes na lista do TCU de projetos com irregularidades graves.
O caso poderia se resumir a um mero problema de gestão, mas, conforme apurou a IstoÉ, várias das empreiteiras beneficiadas pelos aportes extraordinários doaram milhões a candidatos do próprio PR durante a campanha eleitoral. Giroto foi um dos beneficiados. Ele recebeu R$ 100 mil da empreiteira Serveng. No total, sua campanha eleitoral consumiu R$ 3.029.400,00, dos quais R$ 1.538.000,00 saíram dos bolsos de empreiteiros.
Ainda por causa do estreito relacionamento com a cúpula do PR, Giroto chegou a ser cotado para assumir o Ministério dos Transportes no lugar do senador Alfredo Nascimento, que caiu por causa de escândalo de corrupção. O deputado foi vetado pela presidente Dilma Rousseff.