Esta semana, devem ser realizadas acareações entre os envolvidos em fraudes no processo de emissão de Carteiras Nacionais de Habilitação (CNHs) em Mato Grosso do Sul. Todos os 17 presos durante a Operação Sinal Vermelho, deflagrada na sexta-feira (13) pela Polícia Civil em conjunto com a Corregedoria do Departamento Estadual de Trânsito (Detran), foram ouvidos.
A coleta dos depoimentos, que começou logo depois das prisões, durou até às 2h de sábado. Os relatos dos criminosos, entretanto, seriam contraditórios e, por isso, a delegada Aline Lopes, responsável pelo caso, teria decidido colocá-los frente à frente.
A delegada, que é corregedora do Detran não confirma a informação, repassada à reportagem por investigadores da Polícia Civil. Ela não informou quais os procedimentos realizará esta semana. As 17 pessoas envolvidas em esquema de fraudes continuam presas.
Oito ocupam celas da Delegacia Especializada de Furtos e Roubos de Veículos (Defurv) e nove estão na Delegacia Especializadas de Repressão a Roubo à Bancos, Assaltos e Sequestros (Garras). De acordo Aline Lopes, outros três envolvidos, um de Campo Grande e dois do interior do Estado, ainda estão foragidos.
Esquema
Na Operação Sinal Vermelho, examinadores do Detran, instrutores de trânsito, proprietários de autoescolas e dois médicos que vendiam os exames teóricos e práticos para interessados em ter o documento foram presos.
O grupo, conforme as investigações da Corregedoria do Detran, atuava há pelo menos dois anos, principalmente em municípios do interior. Para “facilitar” o processo de emissão da CNH, os envolvidos cobravam de R$ 800 a R$ 3 mil. Segundo Aline Lopes, para ter a carteira sem fazer nenhum exame, a pessoa que contratava os acusados tinha de pagar o maior valor.
Para o contratante, o médico emitia laudo declarando-o apto a dirigir, funcionários da Fundação de Apoio à Pesquisa, ao Ensino e à Cultura (Fapec) manipulavam o resultado das provas psicológica e teórica, e instrutores e examinadores “aprovavam” o candidato no exame prático. Durante as investigações, foi constatado que analfabetos e uma pessoa com graves problemas na visão adquiriram os documentos.
A delegada disse que o Detran já tem o levantamento de quantas carteiras de motorista teriam sido emitidas por meio do esquema. No entanto, não informou o dado. “A investigação está em segredo de Justiça, essa informação eu ainda não posso dar”.
O esquema era comandando por uma das seis bancas existentes no Estado. o grupo atuava em Naviraí, mas foram constatadas irregularidades também em Juti, Dourados, Douradina, Itaquiraí e Caarapó. Os presos responderão por formação de quadrilha, corrupção passiva e falsificação de documento.