Réus negam participação na morte de deputada Ceci Cunha

Nesta terça-feira, segundo dia do julgamento das mortes da deputada Ceci Cunha e de três parentes, três dos cinco réus responsáveis pela chacina falaram para o juri. Na segunda-feira (16), com o adiantamento da oitiva das testemunhas, dois depoimentos foram antecipados.

Caso – Ceci Cunha e três parentes foram mortos em dezembro de 1998, pouco depois da deputada ser diplomada no cargo. Ela visitava a irmã, que havia acabado de ter um bebê. De acordo com o Ministério Público, o crime teve motivação política, pois o primeiro suplente da vaga, o ex-deputado Talvane Albuquerque, queria ocupar o posto na Câmara dos Deputados para ganhar imunidade parlamentar, já que respondia a processos na Justiça.

Foram ouvidos ontem os réus José Alexandre dos Santos e Mendonça Medeiros da Siva, apontados come executores do crime. Ambos tiveram a confissão gravada em depoimento prestado na polícia, mas alegaram na Justiça que foram torturados para admitir a participação na chacina. Hoje, falaram Jadielson da Silva e Alécio Vasco, também citados como executores. Neste momento depõe Talvane Albuquerque.

Além de negarem a participação nas mortes, Talvane, Jadielson e Alécio voltaram a sugerir que outra pessoa teria motivo para assassinar a deputada, o ex-governador Manoel Gomes de Barros.

Segundo os acusados, Ceci Cunha fez um acordo com o Barros a fim de sair como vice em sua chapa para o governo do estado, aceitando uma quantia de R$ 2 milhões para usar na campanha. No entanto, ela teria desistido do acordo para concorrer à Câmara dos Deputados, mas não devolveu o dinheiro.

Os réus também reclamaram do grande transtorno que as acusações geraram em suas vidas. José Alexandre e Jadielson chegaram a se emocionar ao falar sobre o assunto. Talvane lembrou que até pouco tempo trabalhava como médico em três locais diferentes, mas, com a proximidade do julgamento e a divulgação na mídia, foi demitido de um dos empregos, em um hospital de Paulo Afonso, na Bahia.

Como suplente, Talvane chegou a tomar posse do cargo após a morte de Ceci Cunha, mas foi cassado um ano depois devido a uma conversa gravada com o pistoleiro conhecido como Chapéu de Couro. No interrogatório, disse que falou com o criminoso porque ele estava pedindo ajuda, e que não acreditava haver ilegalidade nisso. Quanto à morte de Ceci Cunha, disse que é inocente e sugeriu proximidade com ela ao lembrar que os dois atuaram como obstetras na mesma cidade.

Está agendada para esta quarta-feira (18) a fase final do julgamento, quando os jurados se reúnem para decidir o futuro dos réus.

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