A língua, a mão e a OAB

Lembro-me de uma estória, ainda contada em minha adolescência, de que um rico mercador grego tinha um escravo corcunda, feio, chamado Esopo, porém, com uma sabedoria exemplar e única. Testando a sabedoria de seu escravo, num dia de banquete, o mercador solicitou-lhe que servisse a melhor comida. O escravo serviu uma língua. Intrigado com o que serviu, o seu dono pediu então a pior. Serviu, novamente, a língua. É que, para o sábio escravo, a mesma língua que fala amor, diz ódio. A mesma língua que une, separa. Que canta versos, xinga. E, por isso, ao mesmo tempo, está entre as melhores e as piores comidas. Realmente muito inteligente o escravo.

Nesse ano eleitoral da OAB, nunca vi a língua ser usada tão piormente. Ela tem sido arma de intrigas, a chama de todos os processos de ataques pessoais e a matriarca de todas as ofensas. Dr. Faiad e a sua administração têm sido alvos certeiros de línguas afiadas pela maldade. Iss o tem se tornado público e rotineiro. É comum, em ano eleitoral, línguas serem usadas para enganar, confundir, trapacear e caluniar.

Pessoalmente, quieto, muitas vezes sinto-me atingido, porém, mesmo que alcançado, os habituais ataques são incapazes de engessar minhas mãos e, observo que também, as mãos dos demais trincheiros pois, convicto estou, de que os frutos desta administração são resultados de valorosas mãos e não de medíocres e cancerígenas línguas.

A prole de benefícios advinda da Caixa dos Advogados, as atuações marcantes das Comissões, os incontáveis cursos ofertados pela Escola Superior da Advocacia, as decisões, sempre lúcidas, do Conselho e da cônscia Diretoria, sem mencionar ainda, as posições de destaque ocupadas pela OAB/MT, em interesses gerais e coletivos da categoria, representam obras primas e admiráveis, construídas por mãos calejadas e sofridas de abnegados advogados.

Não me consta qualquer informação de que, nesses quase seis anos da administração de Faiad a Ordem tenha faltado a algum advogado. De uma simples questão, como uma fadada portaria que exigia que o advogado entrasse no fórum com suas petições perfuradas, a luta contra as violações das prerrogativas por parte de delegados, promotores e magistrados, com realização de desagravos e, inúmeras vezes, com medidas para trancar ações penais contra os profissionais inscritos na Ordem. Nossa entidade está presente em praticamente todas as discussões que envolvem o interesse da sociedade e com lado bem escolhido e definido: o lado do povo, daquele que precisa de mais atenção e cuidado por parte do Poder Público.

Quem acompanha o dia-a-dia da Ordem pode testemunhar que o trabalho todo é feito quase em silêncio, muito embora existam línguas para usar – e algumas vezes usada para disseminar a verdade e o conhecimento. Os da língua, conheço-os, têm mãos perfeitas, mas improdutivas em prol da classe. Aliás, nem se alegue que nã o foi concedida oportunidade para também calejar as mãos, pois muitos desses “linguarudos” são membros de comissão e possuem status de mais faltosos em seus trabalhos.

As línguas? Não me preocupam, porque as mãos são capazes de segurá-las. Oh, línguas! Não me assustam, porque as palavras se vão com o vento, sendo que as obras permanecem. Não me temem as línguas, pois “os seus atos falam tão alto que eu não consigo ouvir a sua voz”, assim já assegurou o poeta.

Geandre Bucair é presidente da Comissão do Jovem Advogado da OAB/MT

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