Abrão Razuk: ‘Confesso que vivi como advogado criminal na Justiça Militar’

Escreveu: ABRÃO RAZUK. advogado militante e ex-juiz de direito em MS membro da academia Sul-Mato-Grossense de letras e autor de diversos livros como:
1. Crimes Federais;
2. Enfoques do Direito Civil e Processual Civil;
3. Da Penhora, Editora Saraiva;
4. Dois verbetes na ENCICLOPÉDIA SARAIVA DO DIREITO.
Membro da academia Sul-mato-grossense de letras, cadeira 18.


O Jornalista Fernando Gabeira na revolução de 64 foi e esteve preso na Ilha Grande, na mesma cela de um cliente que o defendi na justiça militar ou Castrense.

Ele narra esse fato em seu livro: “O que é isto, companheiro”.

Nesse julgamento havia 4 réus, sendo os advogados de defesa os seguintes patronos da sacro santa tribuna da defesa a saber: Plinio Soares Rocha, José Arci Cardoso, Higa Nabukatsu e Abrão Razuk.

Esse importante julgamento foi presidido pelo competente e digno magistrado dr. Paulo Simões Corrêa e o representante do Ministério Público Militar era o dr. Flávio de Andrade.

Os réus foram denunciados por crime contra a segurança nacional.

Três réus foram absolvidos e o principal acusado pegou a pena de três (3) anos de reclusão.

Na sua defesa pedi a desclassificação da denúncia do crime contra segurança nacional para contravenção e o Conselho Militar aceitou por unanimidade.

Como meu cliente já havia cumprido os três anos de prisão consegui sua liberdade.

Quero aqui cumprimentar in memoriam a justeza e integridade dos juízes que compunham o Conselho de Sentença.

Mormente a lisura e senso de Justiça e independência moral do então magistrado dr Paulo Simões Corrêa.

Em razão desse julgamento foi transferido para a Justiça Militar do Rio de Janeiro.

O julgamento foi no foro competente da jurisdição militar que era Campo Grande-MS.

O fato ocorreu no RJ.

Como a denúncia foi recebida pela Justiça Militar daqui então, preveniu a jurisdição daqui.

Meu cliente ficou preso na Ilha Grande na mesma cela do Fernando Gabeira e lá havia muitos presos da Revolução de 64. O Fernando Gabeira escreveu o livro “O que é isso, companheiro?”. Ele cita o nome do meu cliente.

E nesse ergástulo os réus eram importantes naquela época por crime político-ideológico.

Estive duas vezes nesse presídio como profissional da advocacia.

O presídio ficava próximo ao mar. E era em Angra dos Reis-RJ.

Local maravilhoso menos aos réus.

Esse presídio foi desativado.

O fato de eu haver atuado nesse processo penal militar, eu tive o orgulho de advogar com o talentoso advogado criminalista dr. Evaristo de Morais na via recursal, cujo escritório dele ficava na rua México e ele gozava de muito prestígio e torcia para o Fluminense, cujo time tem como torcedor meu amado neto José Miguel.

Nunca vi um advogado com tanto prestígio perante o Superior Tribunal Militar como ele.

Prestou seu serviço como advogado pro bono.

Em tempo, quem fez as razões do recurso da apelação fui eu e ele a sustentou naquele sodalício jurisdicional de segunda instância sediado no RJ.

Esse processo me deu muita experiência profissional, me orgulho de ser advogado, e prazer de assomar a sacro santa tribuna de defesa como expressão eloquente na defesa dos acusados.

Conto esse fato vivido por esse advogado, com 56 anos como operador do direito com muito prazer exercendo tanto a beca, como a toga com dignidade e ética e honestidade e absoluta independência.

Feliz aquele que exerce a magistratura ou a advocacia com ética.

Finalmente o grande advogado Rui Barbosa pontificou com sua genialidade em discurso proferido em 1922, no Largo do São Francisco, por ter sido homenageado como paraninfo de turma, e quem leu o discurso foi o bacharel Reinaldo Porchat em razão do mestre Rui estar adoentado.

Tal é a grandeza desse discurso que se tornou a bíblia dos operadores do direito com o título de “Oração Aos Moços”.

Li-o algumas vezes.

Disse o mestre:

“Tanto a toga como a beca se convergem no final e têm por escopo a Justiça.”


Você está prestes a ser direcionado à página
Deseja realmente prosseguir?
Atendimento