Acidente aéreo ceifou a vida de uma juíza que faz falta ao Brasil

por Jorge Maurique

Conheci Fabíola Bernardi pela lista dos juizes federais e depois pessoalmente, em Brasília. Muito me surpreendia a forma delicada e educada com que sempre se manifestava, mas com muita firmeza e determinação.

Não havia uma discussão sobre os juizados especiais da qual ela não
participasse. Aos poucos, fui tendo mais contatos com ela, tanto na reparação do Encontro Nacional dos Juizes Federais, como nas diversas vezes em que a encontrei em Brasília.

Fiquei surpreso, assim como tantos de nós, com sua opção de mudar-se para Tabatinga. Mas essa surpresa cessou, tão logo vi seu entusiasmo por Tabatinga, tudo que por lá se desenvolvia na preparação de uma nova prestação jurisdicional. E quase todos nós, com certeza, dividíamos com ela esse entusiasmo.

Estávamos muitos de nós, com ela, em Tabatinga, ou melhor, cada um de nós tínhamos a nossa própria Tabatinga, isto é, a vontade de fazer mais e melhor, em locais onde faltam cidadania e justiça. Ouso dizer que Fabíola nos entusiasmava e em sua alegria, redescobríamos porque afinal, com tantos problemas e incertezas, éramos magistrados federais.

Pela lista, ela repartiu sua alegria em ser sorteada para o evento do CJF em Belém.

Ontem, ao chegar em casa, via na televisão a notícia da queda de um avião. A primeira coisa que lembrei foi que do local de origem do avião tínhamos uma colega, uma amiga, uma mulher plena de vida e alegria.

Pela manhã, recebi a ligação do colega Paulo Sérgio Domingues, confirmando que Fabíola estava no avião. Depois, Flávio Dino também me ligou e me confirmou esse fato. E a partir daí, entre triste e chocado, acompanhei as notícias do triste evento.

Disso tudo retirei algumas conclusões: A primeira é que Fabíola era uma mulher extraordinária e que na sua fé na Justiça Federal, nos JEF´s e em sua interiorização, não titubeou em sacrificar algumas comodidades, ainda que poucas, para ir prestar jurisdição na mais distante vara federal do Brasil.

A segunda é que devemos nos espelhar nela, em sua abnegação, para acreditar na Justiça Federal, fazer dessa crença um testemunho de fé num Brasil melhor e prestar sempre a melhor jurisdição possível, em que pese as dificuldades que apareçam em nosso caminho.

A terceira é que lutar pelo fortalecimento dos JEF´s, por sua estruturação e pela plena interiorização da Justiça Federal é uma necessidade e essa luta é a melhor homenagem que podemos prestar a essa pessoa maravilhosa.

A quarta, que precisamos ter plenas condições para exercer nossa jurisdição com a segurança, qualidade e agilidade que a população brasileira deseja e merece e essa luta é de todos nós e não apenas daqueles que dirigem a AJUFE.

Não sei quem escreveu que as pessoas não morrem, elas ficam encantadas. Acredito que Fabíola sempre foi encantada e com seu exemplo de vida, ainda que breve, nos encantou a todos.

A homenagem que a AJUFE pode fazer para Fabíola é jamais esquecer seu exemplo, jamais esquecer seu trabalho.

Jorge Maurique Juiz federal em Santa Catarina e presidente eleito da Ajufe

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