Certa feita, um jovem acadêmico de direito perguntou a um advogado já experiente com 40 anos de prática forense o seguinte:
– O que é ser um bom advogado?
Assim respondeu o decano da advocacia:
– O primeiro requisito, é a formação educacional, familiar e moral recebida de seus pais, ou seja, a educação construída nos primórdios da vida;
Segundo, uma boa base de ensino fundamental;
Terceiro, possuir conhecimento humanístico, técnica de redação e saber expressar claramente suas idéias;
Quarto, o aprendizado adquirido na Faculdade de Direito através de livros e ao sair dela aprofundar o conhecimento obtido. Ainda, saber interpretar a Lei, fundamentar com base na lógica e estudar os textos legais sob o império do raciocínio;
Quinto, boa formação ética;
Sexto, ser vocacionado para o Direito;
Sétimo, ser leal com seus colegas advogados, promotores e magistrados;
Oitavo, preparação técnica para advogar com efetiva vivência, com amor à causa que abraçou e não compartir com outra profissão, mantendo a exclusividade da advocacia sem se esquecer de valorizar seu ganha pão não sendo mercenário.
Nono, ao pegar a causa, diagnosticá-la verificando se o cliente tem razão ou não e só após baseado em fundamentos sólidos e morais, “vestir a camisa do cliente” distante da traição do mandato sem jamais se olvidar de buscar o melhor resultado. Advogar sempre com inteligência, equilíbrio e sabedoria.
E o último e Décimo requisito – O advogado contemporâneo deve compartilhar suas causas com outros colegas exceto obviamente aquelas que se exige sigilo. O advogado isolado que não troca informações e não mantém constante diálogo com os demais pares esta fadado ao insucesso. A complexidade atual dos conflitos não permite o isolamento, é a vez dos advogados associados, das equipes e das parcerias.
Feito isto quem ganha é a justiça e a sociedade. Ao encerrar sua carreira, a sociedade diz em alto e bom som: “Este cidadão foi seu advogado essencialmente digno, de grande reputação profissional” e, sobretudo “confiável”.
Se assim você agir com o tempo terá a reputação merecida e será útil para a sociedade. Isto que eu penso da advocacia, que para mim é a mais bela das profissões.
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Abrão Razuk
Ex. Magistrado, advogado e autor de dois livros “Da penhora” e “Enfoques do Direito Processual Civil”, é colaborador da Enciclopédia Saraiva com dois verbetes. – é membro e vice-presidente da Academia Sul-Matogrossense de Letras – Campo Grande/MS – e-mail abraorazukadv@hotmail.com