Biografia de Jobs é fundamental para Direito Digital

Por Paulo Sá Elias

“Sou frugívoro e só comerei folhas colhidas por virgens ao luar.” (Steve Jobs, quando jovem, falando à sua mãe preocupada com suas dietas cada vez mais bizarras).

Vou direto ao assunto: quem é verdadeiramente nerd, “hacker” (como eu) — gosta de sistemas abertos. Eis a razão pela eu não gosto de algumas coisas do iTunes, sincronizações e outras amarrações que a Apple faz. Quero liberdade. Isso já era repetido por mim desde a época do famigerado “hardlock”.

Recentemente consegui explicar isso ao jovem e competente talento da nova geração jurídica nessa área, o caríssimo colega advogado Renato Leite Monteiro. O iTunes deveria oferecer um setup/profile para “Advanced users” e outro para os “Lammers” (que são aqueles usuários comuns, que não entendem muito sobre computadores e tecnologia — em outras palavras, o usuário comum). O problema é que a Apple está fazendo todas as interfaces/funcionalidades pensando apenas nos “Lammers”. Mas será que isso é um problema realmente?

Após a leitura das 607 páginas do indispensável “Steve Jobs” de Walter Isaacson, algumas coisas ficam bem esclarecidas e chamam a atenção. Como diz Steve Wozniak, “a Apple põe a gente dentro do parquinho deles e nos mantém ali, mas há algumas vantagens nisso.” — Um exemplo é citado na página 515, em que um garoto analfabeto de 6 anos pode usar um iPad sem receber nenhuma instrução. “Se isso não é mágico, então não sei o que é.”

“(…) Eu gosto de sistemas abertos, mas sou um hacker. A maioria das pessoas, porém, prefere coisas fáceis de usar. A genialidade de Steve é que ele sabe simplificar as coisas, e que isso às vezes exige controlar tudo.” (Steve Wozniak)

Os sistemas fechados pegam muito mal, mas funcionam maravilhosamente e os usuários saem ganhando. Provavelmente ninguém em tecnologia demonstrou isso melhor do que Steve Jobs. (página 514, cit. Jon Fortt)

Jobs era alertado sobre isso constantemente, como é possível ver nas páginas 534 e 535 — “(…) Simplesmente gostamos da idéia de uma sociedade aberta e sem censura, onde nenhum tecnoditador decide o que podemos e o que não podemos ver.” — ou ainda: “(…) Não era para ser assim. A Microsoft era para ser a malvada da história. Cara, vocês eram os rebeldes, que iam contra o sistema. E agora você está virando O Cara? Lembra lá atrás, em 1984, quando você fez aqueles comerciais fantásticos para derrotar o Big Brother?” — “O contexto para a Apple está mudando drasticamente”, disse depois o ex-presidente Al Gore (membro do Conselho da Apple). Ela não atira mais o martelo contra o Big Brother. Agora a Apple é grande, e as pessoas a consideram arrogante. A propósito, clássicas as palavras de John Markoff — “A computação deixou de ser considerada uma ferramenta de controle burocrático para ser adotada como um símbolo de expressão individual e de libertação.” (p.76)

Steve Jobs, no entanto, respondendo ao famoso e-mail de Ryan Tate — “Revolução tem a ver com liberdade, com sermos livres.” — disse:

“(…) É isso aí. Livres de programas que roubam seus dados pessoais. Livres de programas que detonam bateria. Livres de pornografia. É isso aí, liberdade. Os tempos estão mudando, e um pessoal tradicional dos PCs acha que o mundo deles está desaparecendo. Está mesmo.”

Advertência interessante. Bill Gates, na página 531, acredita que no final das contas — o aberto vai prevalecer a longo prazo. Será? A nova geração me deixa com sérias dúvidas a esse respeito. Na pág. 571, Gates ainda alfineta: “(…) A abordagem integrada funciona bem enquanto Steve está no comando. Mas não significa que ela ganhará muitos rounds no futuro.”

Concordo com o Bill Gates em relação ao tablet com caneta. Mas não um tablet com caneta qualquer — como aquele “justamente” atacado por Jobs como uma grande porcaria.

Com certeza algo surgirá na linha do iPad muito melhorado e com avanços realmente impressionantes e importantes no reconhecimento da escrita, pela própria Apple. Disse isso ao Jobs em 15 de abril de 2010:

———- Forwarded message ———-

From: Paulo Sa Elias
Date: Thu, Apr 15, 2010 at 11:39
Subject: iPad and Education
To: sjobs@apple.com

Dear Steve,
“Apple didn’t fail with iPad’s design. It’s geeks who are failing to understand that they aren’t the most important user base.”

I have conviction that iPad will be a big step toward improving education worldwide. It’s a disruptive technology in learning/teaching.

(…)

iPod, iPhone and now, iPad = loyalty of the new generation in Apple products – since K12 school. Learning anywhere, anytime. That’s the secret.

Congratulations.
Paulo

(*) Anexo do e-mail:

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