Desarmamento em pauta

O tema desarmamento tem provocado grande polêmica sempre que há a possibilidade dos dois lados se manifestarem, o que é raro já que mídia dos grandes centros está totalmente comprada pelas ONGs desarmamentistas, como o Movimento Viva Rio. Estas sempre se referem à campanha do desarmamento como um passo importante no combate à criminalidade.

No entanto, mentem, e mentem desavergonhadamente como se pode ver pelas declarações de seus próceres. Vejamos algumas : “A campanha do desarmamento não tem o objetivo de reduzir a criminalidade, mas mostrar ao cidadão de bem de que ter uma arma em casa representa um risco para si mesmo e para a família”. “A campanha (do desarmamento) está atingindo o objetivo ao retirar armas da classe média”. “A proibição da venda de armas e munição para civis tem como principal objetivo reduzir as mortes provocadas por crimes fúteis”.

Onde está “combater a criminalidade”? Poderia citar várias outras e seria o mesmo. “Fundamentado nestas afirmações poderíamos traçar o perfil do cruel assassino que tem desgraçado este país: ele é um profissional liberal ou comerciante, com no mínimo o curso secundário completo, de classe média, sem histórico de envolvimento em crimes, um destemperado que mata por motivos fúteis no trânsito, em estádios, brigas de casal, brigas com vizinhos, violência passional. Além disso, é um descuidado que deixa sua arma ao alcance dos filhos, causando incontáveis tragédias”.

O autor deste parágrafo também fez uma estatística baseada num clipping de notícias sobre crimes e chegou à conclusão de que os crimes por arma de fogo evitáveis pelo Estatuto do Desarmamento (brigas no trânsito, festas, família, etc.) representam 4,2% do total dos crimes com estas armas, enquanto os não-evitáveis (policiais e bandidos mortos, chacinas, execuções, invasões de domicílios, pessoas com porte legal, etc.) atingem 95,8%! Quer dizer: todo este trabalho de recolher armas, nem sempre em condições de uso como garruchas herdadas de algum vovôzinho, para erradicar menos de 5% dos crimes, deixando os bandidos à solta e mais arrogantes ainda?

No entanto, quando se deixam de lado os amadores destas ONGs e se dá a palavra a profissionais, a coisa muda de figura. Assisti há um mês a uma Conferência do chefe de Polícia de Miami, John Timoney, o homem que derrubou os índices de criminalidade em Nova Iorque, Filadélfia e há três anos assumiu a chefia numa Miami mais violenta que nossas capitais, todas elas cidades onde a venda de armas é livre!

Perguntado diretamente por mim sobre o que pensava de combater o crime com um povo armado respondeu: “O cidadão de bem, armado, é o maior aliado da polícia nesta luta”.

A Secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, declarou recentemente no programa Larry King, da CNN, que o direito às armas é tão importante quanto o direito à liberdade de expressão e de religião. Ela lembrou que seu pai precisou de armas de fogo para proteger sua família e outros negros dos racistas White Knight Riders em Birmingham, Alabama, nos anos ‘60 do século passado. Observou também que, se existissem listas de armas registradas, ela duvida que seu pai e outros negros pudessem ter armas. Ressaltou que, para ela, a Segunda Emenda da Constituição Americana (que garante o direito de ter e portar armas) é tão importante quanto a Primeira (que estabelece o direito a livre expressão e livre religião) pois a Segunda é a única forma de garantir a Primeira.

O secretário da Segurança Pública do Estado de São Paulo, Saulo de Castro Abreu Filho, afirmou semana passada que a sensação de impunidade fez com que a apreensão de armas de fogo, promovida pelos secretários estaduais da área, (fosse) como “enxugar gelo”. Para ele, ainda que seja apreendida “uma arma de fogo ilegal a cada quatro minutos”, cresce a vulnerabilidade das fronteiras, especialmente nas rodovias federais. Para ele, o Governo federal deixa claro que “a segurança pública não é uma prioridade”. Segundo ele, o Estado deixou de receber repasses para a área em 2002. Os valores foram determinados pelo Fundo Nacional de Segurança Pública, que financia projetos de governos estaduais e municipais, e, desde 2003, em, respeito a determinação do TCU, também são divididos com Estados inadimplentes.

Portanto o Governo federal também mente, e muito, tentando enganar os cidadãos de que o Estatuto do Desarmamento é fator importante na diminuição da criminalidade enquanto fica evidente que “a segurança pública não é uma prioridade”. Em declarações isoladas isto fica muito claro: o ministro da Justiça Márcio Thomaz Bastos declarou ao Globo que “Isolada, a campanha não resolve o problema da violência, mas é uma das medidas que ajudam a diminuí-la, principalmente crimes bobos, cometidos em estádios de futebol, em brigas de casal ou de crianças que encontram armas em casa” e já declarara anteriormente que “A Campanha do Desarmamento tem por objetivo tirar armas das pessoas de bem e evitar maiores tragédias, como brigas no trânsito e nos estádios”.

Notem bem, o ministro disse maiores tragédias! Ele acha que engana a quem? Deve ser por isso que o Governo federal está sonegando as verbas para os governos estaduais: se estas maiores tragédias – os crimes bobos e fúteis – forem evitadas é óbvio que as pequenas tragédias – assaltos de grande porte, narcotráfico, guerras entre traficantes, sequestros, chacinas, falsas blitze, etc. – não são prioridades! Quoque tande?

Heitor De Paola
Médico psicanalista no Rio de Janeiro, delegado Internacional do Brasil na Drug Watch International

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