E o Brasil não vê

O 01 de outubro será o nosso “11 de setembro”. É o que está escrito pela lógica dos acontecimentos e rumos que o Brasil, com toda certeza, vai tomar, se não mudar. O eleitor está com sua visão política obnubilada, embevecido pelas facilidades de se endividar e pelos reais que lhe são depositados, todos os meses, pelo mirabolante sistema de captação de votos que é o Bolsa Família.

A cria se virou contra o criador. Perguntem ao FHC. Tudo que se faz pelo povo tem como finalidade a manutenção de sua dependência. Bolsa Família, Cotas, Prouni e outros são ações politiqueiras de curto prazo e de benefícios entorpecentes à consciência popular. Nada é realizado com objetivos de libertar o povo de sua escravidão cultural, econômica e social. Os projetos políticos estão sempre calcados nos favores. Não estão supridos de intenções realizadoras e evolucionistas, pelo menos com um toque mínimo de inovador.

O PT, sem deixar de lado uma grande maioria dos políticos atuais e de novos postulantes, sempre ganhou e buscou ganhar as eleições com a miséria do povo. Este, sem poder de análise e de qualquer critério de avaliação, dada a submissão cultural que lhe é imposta, acredita que o que aí está é a melhor ação política, inclusive social que possa receber do governo. Manter a educação de péssima qualidade é um grande negócio.

Dar boa instrução ao povo é secar a grande fonte de votos para se chegar ao poder. Tal como gado em direção ao brete, o qual, pelo menos, sente o cheiro da morte, a maioria do povo vai às eleições, em 01 de outubro, sem nenhuma consciência crítica do ato, do que representa o seu voto, na sua vida e da sua família. Transforma as eleições em disputa da turma de lá contra a turma de cá.

Avaliar se o titular cumpriu os objetivos morais, éticos e administrativos, se tem boas, novas e consistentes propostas de governo e se os outros aspirantes são qualificados em melhor grau não faz parte das preocupações do eleitor brasileiro. À loteca, é dedicado muito mais tempo e reflexão na marcação dos números.

O nosso “11 de setembro” vai acontecer exatamente por essa falta de avaliação. As possibilidades de Lulla cumprir o mandato, por mais quatro anos, é pequena. O sistema judiciário brasileiro, via Ministério Público, vai manter o andamento processual. Isto é muito provável em razão de que o conteúdo das provas, criminais e constantes dos processos, é por demais verossímil, verdadeiro. São muitos processos acrescidos de outros, tais como do Delúbio Soares, do Marcos Valério, do Okamoto, Antonio Palocci, Duda Mendonça, os vampiros da saúde, ex-ministros e assessores envolvidos em negociatas, superfaturamento de folhetos, não entregues, os sanguessugas, os novos “astros” participantes do PT, pegos com uma bolada, e por aí vai. Não creio que o Ministério Público vai deixar tudo isso correr à vontade. Não há como o presidente e muitos dos atuais políticos se verem livres das lambanças que aprontaram e saírem ilesos de todo o processo. Essa história do “eu não sabia” vai por água abaixo.

Com esses processos em andamento e a possível vitória do Lulla, o Congresso Nacional, ávido por cargos e sabedor da fragilidade do presidente, irá pressionar e o Executivo vai se ver obrigado a abrir as portas, inclusive com prováveis novos mensalões. Mesmo assim, poderão ocorrer fissuras ou estrangulamentos no canal de ligação da governabilidade. Uma das tentativas de se livrar disso é a reforma política, com a construção de novo mapa partidário, em gestação.

Caso aconteça a saída do Lula, o que vai sobrar é o vice José Alencar, presidente sem receber um voto sequer. Vai dar na mesma, ou seja, sem governo para tirar este Brasil do meio por cento de crescimento do PIB, no segundo trimestre. Mesmo ele tem lá no caminho para o governo algumas marcas da Coteminas. As urnas não absolvem ninguém.

Raphael Curvo, advogado em MS

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