Cristina Fogaça
SÃO PAULO – O envelhecimento é um processo pelo qual todo ser vivo passa porque ninguém acorda velho de um dia para o outro. Esse processo ocorre de forma gradativa e alguns cientistas até defendem a tese que o envelhecimento começa ainda dentro do ventre materno.
Parece óbvio, mas muitas pessoas não conseguem enxergar desta maneira devido à imagem equivocada que têm do idoso e do envelhecimento. A falta de crédito em relação ao idoso faz parte de nossa cultura onde tudo de bom é para o jovem e o de ruim fica para o velho como o desrespeito, doenças, invalidez e muitas outras mentiras.
Quando algum idoso consegue sair do “padrão” estipulado pela sociedade voltando a estudar, praticando esportes radicais, ou até se casando na terceira idade, as pessoas levam o caso com uma mistura de repulsa e fascinação. E está aí a grande diferença entre envelhecer e ser velho.
As estatísticas apontam que o número de idosos tende a aumentar no país e é deles a responsabilidade de exercer pressão e reivindicar melhores condições para sua auto-expressão e contínuo desenvolvimento.
Hoje os idosos somam 15 milhões em todo o Brasil, mas talvez ainda não tenham se conscientizado do poder que está em suas mãos. O voto é uma grande arma para mudar o rumo do nosso país e os idosos precisam utilizá-lo com responsabilidade e muita clareza, pois não perderam sua cidadania, possuem direitos e deveres como todo o cidadão, pois a idade não lhes tira qualquer responsabilidade.
A cidadania começa dentro de casa e poucas pessoas se dão conta disso. É dentro de casa que decidimos que tipo de idoso ou velho seremos um dia.
Se formos coitadinhos, provavelmente seremos idosos coitadinhos. Se formos normais, provavelmente seremos idosos normais. Tudo depende de nosso posicionamento durante a vida.
Costumo definir de “coitadinho” aquele que acaba dentro do quartinho no fundo da casa. Estes são idosos que se acomodaram na preguiça e deixaram que os outros tomasse em conta de tudo o que é seu. O idoso que vive nesta condição, quando sedá conta, realmente tornou-se “coitadinho” e se vê junto á máquina de costura, bugigangas e coisas sem valor. Um lugar onde não é possível atrapalhar, pois tudo que não queremos ou que atrapalha, é lá que colocamos.
Já o “normal”, é aquele que se posicional perante a família e toma as próprias decisões, tendo controle, autonomia, coragem, mas responsabilidade. Claro que me refiro a idosos sem patologias, pois estes realmente acabam se tornando dependentes.
É importante deixar bem claro que não bastam técnicos, especialistas e políticos interessados em trabalhar junto ao idoso se ele próprio não participa da tomada de decisões.
Muitas vezes o próprio idoso critica a sociedade pela forma que o trata e o desvaloriza, mas este nada faz para mudar esse triste quadro.
Só conseguiremos mudar a imagem com relação à velhice e ao envelhecimento, quando pensarmos de forma diferente. Quando acreditarmos que envelhecimento é um processo e não um castigo. Quando tivermos um novo olhar com relação ao tempo e a história que ele nos ajuda a escrever.
O mais importante é não negar e sim, viver a terceira idade com força, emoção, grandeza e vitalidade. Não se entregue! O sonho ainda não acabou. E não deixe com que apenas homenagens sejam feitas neste dia especial que é o “dia do idoso”, mas que sua vida seja uma homenagem à humanidade de quem não desistiu e continua lutando pelo próprio bem estar porque “envelhecer é um presente e ficar velho é uma opção”.
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