Justiça cerca o tráfico em MS

Em meio a tantas injustiças e desigualdades que assolam o País, Mato Grosso do Sul, presencia um momento de transição histórica em que pessoas tidas como “poderosas” e influentes no meio político são condenadas à prisão. Isso acaba de certa forma mantendo acesa a esperança da população de que dias melhores virão, e contraria o famoso ditado de que “rico não vai para cadeia”.

Com a condenação em 20 anos de reclusão do empresário Fahd Jamil e outros envolvidos – por tráfico de droga, sonegação fiscal e lavagem de dinheiro, o juiz federal, Odilon de Oliveira, mais uma vez dá exemplo de homem íntegro e ganha credibilidade junto à população. Na tentativa de abalar a integridade moral desse juiz – que vem de certa forma “combatendo” corajosamente de frente o tráfico na região da fronteira com o Paraguai, até mesmo acusações levianas envolvendo sua vida pessoal foram veiculadas.

Além do empresário foi condenado também o vereador, Landolfo Antunes, que teve votação expressiva na última eleição, em Ponta Porã. São pessoas fortemente influentes na região da fronteira, que conforme a investigação possuem ligação com o tráfico internacional de drogas.

O tráfico movimenta milhões de dólares anualmente e não se pode negar que gera milhares de empregos àqueles que servem o Brasil “paralelo”. Cidadãos, se é que podem ser chamados assim, que não raramente integram os dois Estados. Legalmente ocupam cargos importantes na política brasileira e paralelamente, de forma clandestina ou até mesmo descarada, comandam o crime organizado.

A violência no País, só será efetivamente combatida pelo Poder Público, quando atacar os tubarões que estão por trás de toda a estrutura que mantém não só o tráfico de drogas, como o contrabando de armas e de mercadorias… e, que tiram constantemente a paz do cidadão justo e trabalhador.

Nota-se a violência aumentando em dimensões imensuráveis. Nas últimas décadas, sociólogos constataram assustadoramente a infiltração da criminalidade nas famílias mais privilegiadas. Deixando de ser um problema social que atingia principalmente até então, a classe menos favorecida.

A situação é grave e deve ser sanada urgentemente pelos governantes, pois está explicitamente se tornando incontrolável. O mundo do tráfico dita suas próprias leis e faz a família brasileira refém da violência. Trabalhos como o do Ministério Público e da Justiça Federal em MS, representado pelo juiz Odilon, devem ser destacados para que sirvam de estímulo a outros órgãos federais no combate aos crimes, os quais lhes cabe investigar. O mau deve ser cortado pela raiz antes que seja tarde e a população tenha que pagar um preço muito maior.

Rafael Bueno
Jornalista e acadêmico de Direito

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