Mulheres ainda hoje ganham menos que homens

Como mulher e profissional, sou obrigada a ler que nós mulheres, ainda hoje, não atingimos o patamar salarial masculino. Um recente estudo da consultoria Watson Wyatt, publicado em diversos veículos, aponta que, nas empresas pesquisadas, existe uma diferença média de 5% em favor dos profissionais masculinos. O estudo cita também que apenas 16% dos cargos executivos estão em nosso poder e que somente 2% das representantes do sexo feminino ocupam a presidência de alguma instituição.

A pesquisa garante que nenhuma das empresas pesquisadas faz distinção de sexo, fornecendo como explicação para esta desigualdade o tempo no mercado de cada profissional: “Potencialmente, homens e mulheres podem ter a mesma faixa salarial, mas na prática, a diferença existe porque as mulheres chegaram mais tarde ao mercado de trabalho e aos cargos de gerência.”

Custo a acreditar que, em pleno terceiro milênio, esta mentalidade machista ainda persista em algumas empresas. Nunca fui feminista, acho que homens e mulheres, mesmo com as suas diferenças físicas, são iguais intelectualmente. Vamos fazer um exercício “simplista” de pesquisa, basta só avaliar em nossas vidas a inteligência de nossos pais —na grande maioria, o esteio intelectual de nossa formação veio de nossas mães, indistintamente se formos homens ou mulheres.

Grandes escritoras, políticas, educadoras, artistas e profissionais de mercado estão aí para comprovar o que digo. Não sou de levantar bandeiras, nem de propor movimentos reivindicatórios, já que o nosso espaço no mundo moderno já foi conquistado —e atestado que em termos de competência não somos melhores nem piores, somos iguais.

Quanto à afirmação que ganhamos menos só porque chegamos mais tarde ao mercado de trabalho, a mesma não me convence. Está provado e comprovado que desde o início da era industrial a força de trabalho feminina esteve presente. E, em relação à nossa capacidade de pensar, os índices da presença feminina nas universidades demonstram que já somos maioria há um longo tempo.

Como advogada, atuando há vários anos no segmento trabalhista, acho que seria bom que os profissionais de RH das empresas soubessem que somos todos iguais perante a lei, e que uma atitude discriminatória e machista, como essa apontada pelo estudo, pode ser passível de ações trabalhistas, ações estas amparadas pela nossa Constituição e com ganho de causa garantida.

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Sylvia Romano é advogada trabalhista, responsável pelo Sylvia Romano Consultores Associados, em São Paulo.

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