Em 1950, o PSD e a UDN buscaram entendimentos para lançar um candidato único, mas a ala do PSD fiel ao presidente Dutra, resolveu lançar Cristiano Machado, que levou a UDN a candidatar Eduardo Gomes. Dizem que Vargas, candidato forte na época, buscou compor com o PSD, mas não precisou, dada a adesão de vários caciques do partido à sua candidatura. O resultado final da eleição apresentou 46,6% dos votos para Vargas, 28,3% para Eduardo Gomes e 20,5% para Cristiano Machado. Juntos, PSD-UDN ganhariam a eleição.
Nessa época surgiu na política o termo “cristianizar” (ou “cristianização”) , que vem a ser a traição dos filiados do partido ou aliados a seu candidato, em troca de apoio para quem desponta como vencedor. Dizem que Cristiano Machado foi abandonado pelos companheiros e muitos subiam no palanque de Vargas – franco favorito – para criticar a sua candidatura, apontar defeitos e falhas no candidato do PSD.
No Brasil atual, parece que a história está se repetindo com Geraldo Alckmin. Se analisarmos friamente, alguma coisa estranha está ocorrendo e só não é pior o quadro em razão de parte da sociedade não ter abandonado o candidato tucano, haja vista que vários caciques do PSDB, PFL e “partidos aliados” fazem “corpo mole” em abraçar a candidatura do ex-governador paulista.
A cada pesquisa presidencial, observo os políticos que se intitulam “oposição” darem as costas para Alckmin, passando a usar discurso “independente”. A situação é tão grave que, no Ceará, segundo comentários na imprensa, o candidato do PSDB, atual governador, passou a inserir no horário eleitoral a imagem de Lula com a dele no Palácio do Planalto.
Em outros Estados, políticos ditos “de oposição” se omitem a pedir votos para Alckmin e, vergonhosamente, sequer pedem votos no horário eleitoral gratuito (com a desculpa da legislação eleitoral), deixando o candidato tucano entregue à própria sorte. São os famosos “Camaleão”, que não têm posição política, não têm ideologia, não têm cor partidária e mudam de direção de acordo com a maré, geralmente com um olho nas pesquisas e outro na segurança da reeleição.
No caso de Alckmin sair “da cova dos leões” e disputar o segundo turno, resta saber se esses políticos “de oposição” vão trabalhar para ele ou optarão por Lula, que dependerá do “Congresso de Oposição” para “negociar” seus projetos. Ou seja, será uma opção totalmente fisiológica e degradante moralmente, e mais uma vez a safadeza do camaleão vencerá a decência.
Sergio Maidana, advogado em MS (sergiomaidana@ig.com.br)