Novos rumos da advocacia

Jane Resina F. Oliveira

A advocacia brasileira está em fase de transição, velhos paradigmas estão sendo abandonados e estamos presenciando o nascimento de uma nova forma de trabalho e característica profissional.

Os escritórios de advocacia com apenas um profissional, está fadado à extinção e presencia-se o nascimento de Empresas Jurídicas com Equipe de Técnicos com expertise em diversas áreas do direito, prontos para atender os clientes em todas as áreas: extra, judicial e/ou preventivamente.

O advogado deixa de ser um profissional vinculado ao processo, para ser um profissional com os “olhos” voltados para as necessidades do cliente, visando a sua satisfação.

Este profissional deixa de ser um custo para os clientes, para ser um investimento.

O termo utilizado no mercado marcario, “trade dress” que significa a proteção ao conjunto-imagem – ou a proteção da aparência, de produtos e serviços garantindo a individualização perante outros semelhantes, agora pode ser por analogia, utilizado na advocacia onde os profissionais deverão estar atentos ao mercado e perceber como irão encantar o seu cliente, como deverá ser a melhor forma de prestar o serviço e entregar para o cliente aquilo que ele quer receber, com o menor custo.

Digo que o profissional da advocacia hoje deverá estar preparado para a vida, para o mercado e isto significa ser um cidadão completo, por isso a dificuldade de se tornar um Advogado com letra “maiúscula” que deve conhecer e gostar de gente que deve ter a sensibilidade para saber que o cliente deseja mais que um beneficio da lei, o cliente quer ser ouvido, quer que o advogado seja o seu parceiro e entenda as suas dificuldades.

Quando o cliente chega até o escritório do advogado, além de soluções, ele busca conforto, busca um ombro amigo onde possa confiar os seus segredos e os seus temores.

Esta profissão é um sacerdócio e orgulho-me imensamente de tê-la abraçado, porém, o mercado esta mudando e o mundo como dizem vários autores, ou está se tornando plano, ou está se achatando, expressões que se equivalem, pois mostram que as barreiras estão deixando de existir e o profissional poderá prestar seus serviços em qualquer lugar do planeta.

Este, um dos motivos da transformação desta profissão.

E a preocupação do profissional da advocacia não deve ser com a concorrência, com o preço dos honorários que o seu colega cobra mais barato do que o recomendado, deve sim, preocupar-se com o seu futuro e com o seu enriquecimento pessoal que se dá através do conhecimento, através do estudo contínuo para que tenha condições de encontrar melhores maneiras de servir o seu cliente.

E para o advogado saber como encantar o seu cliente, deve conhecê-lo, saber as suas reais necessidades, do que ele precisa, com o que ele se importa.

E como saber isso?… Como conquistar um mercado que mal se conhece?

E ai começa o mistério… que infelizmente não se aprende nos bancos da escola, mas sim, na vida.

Os jovens advogados não devem abrir mão de adquirir conhecimento, devem ler jornais diariamente, livros, saber o que ocorre no mundo, no seu país, na sua cidade e na sua comunidade. Deve ter a exata noção das transformações sociais e legais.

Não basta ter o conhecimento jurídico, falar mais de um idioma, ter pós-graduação, isto é pré-requisito.

É certo também, como já dito acima, que hoje não há mais espaço para profissionais que trabalham isoladamente, o trabalho hoje deve ser realizado em Equipe, a qual deve ser dinâmica e ágil e todos devem ter o mesmo objetivo e as mesmas metas a conquistar.

Os escritórios de advocacia como antes eram estabelecidos, com profissionais autônomos, devem transformar-se em empresas jurídicas, ou seja, empresas que prestam serviços jurídicos.

Passa-se a ter escritórios-empresas e advogados-empresários.

Assim, prestando serviços jurídicos, os advogados devem ter consciência que eles são o produto desta empresa, pois vendem os seus serviços, o que tem valor nestas empresas são as pessoas, os profissionais, porque são eles que trazem lucro para estas empresas.

Por isto, é muito difícil ser advogado.

Este profissional está vinculado a sua profissão e sua conduta pessoal deve ser ilibada, pois não há como separar o profissional da pessoa, exemplificando, se um advogado toma um ¨porre¨ com amigos….. qual cliente vai confiar neste profissional?.

Se esse profissional tem qualquer problema financeiro… da mesma forma, qual cliente vai confiar neste profissional?

E por ai vai….

Pode-se citar várias condutas que não condizem com a profissão do advogado.

Por isto é tão difícil ser advogado, pois este profissional reúne um pouco de cada profissão: de psicólogo, de padre, de matemático de empresário, de vendedor, entre outras.

Entendemos assim, que o advogado deve estar pronto para atender o seu cliente a qualquer hora, pronto para o atender e compartilhar dos problemas que surgirem.

O advogado deve estar sempre alerta para ouvir, estudar, trabalhar, conhecer e servir com justiça, ética, discernimento e bom senso.

Por este motivo, a advocacia é um sacerdócio.

E por este motivo é a profissão que escolhi para abraçar, com muito amor.

(A Autora é advogada. Sócia fundadora do escritório Resina & Marcon Advogados Associados. Mestre UnB – Universidade de Brasilia, MBA em Gestão Empresarial/FGV-RJ. Especialização em Direito Empresarial UCDB/MS. Palestrante, com livros e artigos publicados nas áreas de Direito Societário e Eletrônico. www.resinamarcon.com.br.)

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