O Brasil atual

Crime organizado, estado de calamidade decretado na saúde do Rio de Janeiro, falência das Santas Casas do País, rodovias em total precariedade, rebeliões constantes na Febem, transporte público defasado, policiamento urbano degradado, medicamento do SUS encontrado em mercado paralelo, rede de esgoto e saneamento prometidos em todas as campanhas, envolvimento de políticos em negociatas, assassinatos sem compaixão no Pará, confronto de perueiros contra a polícia de São Paulo demonstrando verdadeiro estado de guerra, juros elevados, e ainda temos a esperança de que os problemas do Brasil sejam solucionados.

A aproximadamente dezenove meses das eleições as campanhas eleitoreiras já são vistas em rede nacional com promessas absolutamente conhecidas de toda a população brasileira, pois em todo período eleitoral são as mesmas colocadas em evidência, e ainda acreditamos que essas palavras são expressadas com sinceridade.

Vem sendo veiculada pelos meios de comunicação a verdadeira situação em que se encontra a República Federativa do Brasil. Simplesmente, um quartel completamente armado tem impedido qualquer ação do Poder Público em defender a população nas favelas do Rio de Janeiro e de todo o País. Está-se a falar no crime realmente organizado que desafia todas as autoridades: o tráfico. É um local onde existe apenas um governo, um único chefe; que por acaso não é o mesmo do restante do País.

O Brasil atingiu um estado de calamidade completo e não apenas na área da segurança e da saúde do Rio de Janeiro, que surpreendentemente demonstra cenas em que a intervenção, nesta última, ainda que seja uma estratégia política, está trazendo um benefício para os sofridos cidadãos brasileiros.

Represálias na Febem de Taubaté, ou mesmo nos presídios espalhados por todo o País, passaram a se tornar corriqueiras sem ao menos o Governo conseguir aplicar medidas capazes de impedir essas rebeliões. Atingindo o ápice do descontrole perceberam que, nesse momento, é necessário agir, transferindo presos de um lugar para o outro e vice-versa, ou no caso do Estado de São Paulo, impedir que os detentos, maiores de idade, que se encontram na Febem, fiquem junto com os demais menores infratores. Acreditamos que essa medida não solucionará um problema de tamanha magnitude, mas talvez seja o início de uma caminhada lenta, porém com sucesso. Mas, é conveniente esperar para conferir.

As rodovias de escoamento de toda a riqueza do País, seja para própria exportação ou para abastecer determinadas localidades, encontram-se em completo estado de precariedade. São presenciadas através dos noticiários as reais situações dessas estradas. Trechos como São Paulo/Curitiba tiveram de autorizar o tráfego em apenas um sentido por vez, sem falar nos buracos que acabam onerando o transporte de mercadorias. Rodovias que levam a produção de soja e algodão das localidades do Centro-Oeste e norte, que representam parcela significativa do PIB do Brasil, estão em situação periclitante.

Além de tudo isso, ainda temos figuras folclóricas no comando da nossa nação que, sem qualquer conhecimento de fato, fazem declarações “pitorescas” começando pelo presidente da Câmara dos Deputados, Severino Cavalcante, sustentando que “reclamar de nepotismo é coisa de fracassado”. E agora, como se não bastasse, o Presidente da República, chefe da nação, ocupante do cargo mais elevado do Poder Executivo, tem a ousadia de dizer que “o povo brasileiro não é capaz de levantar o traseiro para buscar um banco com juros mais baratos”.

No momento de uma declaração dessa, a única alternativa é ficar perplexo, pois, talvez o nosso presidente ainda não saiba que trocar de banco não é igual trocar de lavanderia, ou então, para se valer do seu vocabulário “escorreito”, não é igual trocar de “buteco”. Provavelmente, ele não adentra a qualquer instituição bancária há muitos anos, se escondendo na posição pretérita de metalúrgicos apenas quando lhe convém, pois nem sequer as variações dos juros de um banco para o outro são significativas.

Tomara que em 2006, quando todos os cidadãos brasileiros terão de “levantar o traseiro”, não para buscar juros mais baixos, e sim para eleger o próximo presidente, se lembrem dessas pérolas do chefe do Governo.

Como diz Diogo Mainardi, “O nosso presidente nos instiga a criticá-lo a todo momento”; ou nas palavras de Clóvis Rossi, “alguém no Palácio do Planalto deveria proibir o Luiz Inácio Lula da Silva de improvisar discursos”.

Enfim, tratar dos problemas ou então das “peças raras” que governam o nosso País seria escrever páginas e mais páginas de fôlego e mesmo assim, não se chegaria a um denominador comum.

Outrossim, sabemos que não atingiremos um país como aquele relatado no livro “Utopia do Brasil”, em que no ano de 2021, o país teria como presidente Getúlio Kubitscheck Cardoso, com um superconselho presidencial, em que muda a forma de administrar o País e começa a reinventá-lo. Entre as muitas realizações, ele promove uma reforma tributária eficiente e reduz a carga para 10% (dez por cento). Resolve a crônica dívida da previdência, tira a política das mãos do Estado e desonera 90% (noventa por cento) dos encargos, promove uma ampla reforma política criando perfis e atribuições para os políticos, com perda de mandato para os improdutivos e incompetentes, cria um novo modelo de segurança e habitação nas grandes cidades, altera o mapa do Brasil para 42 Estados, faz uma reforma cirúrgica na educação e preserva o aspecto meritório para as universidades. Transforma o nordeste num oásis de produtividade, promovendo a maior irrigação já vista na região.

Evidentemente, esse país relatado jamais será o Brasil, porém, como no próprio slogan diz que “o melhor do Brasil é ser brasileiro”, e como este nunca desiste, vamos ficar a sonhar por um país melhor, sem tampar a realidade que nos faz acordar a cada manhã, sem perder de vista a situação atual do nosso País.

Angelo Miguel de Souza Vargas
*Bacharel em direito pela Universidade Católica Dom Bosco – UCDB, graduado em curso de extensão de direito constitucional, pós-graduando em direito tributário pela PUC/SP

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