Política do subdesenvolvimento

Seria inacreditável se não tivesse visto o presidente Luiz Inácio Lula da Silva reclamando contra a Lei Eleitoral: “a seis meses das eleições, a Lei Eleitoral impede a gente de fazer alguma coisa”…

Ora, essa queixa poderia ter alguma razão, se o presidente tivesse, pelo menos, aplicado as verbas destinadas aos Estados, municípios e setores produtivos da agropecuária, como os mais de R$200 milhões que não foram liberados para Mato Grosso do Sul, no ano passado. Aliás, o País todo sofreu com essas promessas. Na época que devia não liberou as verbas porque não quis, Preferiu liberar com muito estardalhaço os remendos que são anunciados, neste ano eleitoral e em plena campanha. Alguém pode perguntar: mas e o sofrimento e o atraso? Para o Governo, deve ser apenas um detalhe no contexto para a reeleição. No entanto, para a arquibancada do exterior o presidente faz “bonito” com nosso dinheiro, a custo zero.

Com todas as fracas promessas, que não resolvem, apenas melhoram a parte dos que estão em dia com os pagamentos de empréstimos. Com isso os produtores estão se descapitalizando a cada safra. E de agora por diante, havendo queda na plantação, não o será para forçar preço futuro, meramente fazendo o jogo da lei da oferta e da procura. Ao contrário de reajustes de preços, estes não acontecem com as constantes quedas no preço do dólar. O que é pago pela produção e que é inferior aos débitos provoca, todo ano, o endividamento progressivo que para os produtores é impagável. Esse poço sem fundo demonstra a ineficácia de remendos que são apresentados como agora, e que na verdade, sempre funcionam à meia-boca e dentro do figurino do cobertor curto: cobrem-se a cabeça, mas os pés ficam de fora.

O que interessa, junto à renegociação das dívidas (ninguém pede perdão de dívida), é que o caminho mais amplo para a lavoura passa por uma política estável e com regras definidas para, pelo menos, cinco anos. Só assim haverá estímulo aos produtores, também para investir cada vez mais em produtividade, na correção do solo, uso de irrigação, melhor qualificação de sementes. Sem esquecer-se da garantia à produção, seguro compatível, escoamento, armazenamento adequado e justa remuneração.

O Governo federal tem que mostrar maturidade e agir por inteiro também quando diz preocupar-se com o agronegócio. Não se pode afastar ou esquecer da solução para a agricultura nem da pecuária. Os problemas têm que ser resolvidos em conjunto.

Não pode prevalecer a política do sapato-alto e tamanco. O nivelamento precisa ser feito pelo alto, tanto para a agricultura quanto para a pecuária. Estes setores dão empregos e ajudam a movimentar a economia nacional. Mais do que no campo, é na cidade que a roda do desenvolvimento gira a favor da população. É muito importante que a pecuária não seja esquecida na hora em que são tratados os questionamentos da agricultura, principalmente diante da crise causada pela febre aftosa, na carne do boi e porco, como na área avícola com a gripe aviária que, deram quebra e paradeira na exportação desses produtos.

A agropecuária brasileira não deve ser tratada com cuidados setoriais, mas globalizados. Em todas as regiões. As soluções precisam ser concretas, perenes e o agronegócio e têm de ter a certeza de que realmente é importante. É a terra que pode dar retorno mais rápido ao produtor, ao Governo com os impostos e à população por meio do transporte, armazém, comércio, emprego do início ao fim da linha de produção, etc. O agronegócio é vital ao País, para seu abastecimento como para gerar excedentes exportáveis e divisas, com moedas estrangeiras vindo somar à riqueza nacional.

Em caso de não serem adotadas medidas urgentes e de efeito com longo prazo de duração, ficaremos nas medidas lenimentares que buscam apenas suavizar a dor do trompaço socioeconômico no Brasil. Enquanto o governo preocupa-se em não querer dar a idéia de que somos imperialistas, dentro do Mercosul. E aí, essa medida estaria paralisando ainda mais o agronegócio, forçando a importação de produtos subsidiados, penalizando duplamente o produtor, embora favorecendo o segmento da intermediação que é um dos males na estrutura do setor primário brasileiro.

Será que a demora e remendo na economia fazem parte da política, do que Lula disse como mais uma “pérola” num de seus discursos? Ele afirmou: “não há pressa para o desenvolvimento”. Porque, se prevalecer essa maneira torta de pensar e agir, é como a droga que vicia a vontade através da aceitação inconsciente. As pregações negativas da filosofia do subdesenvolvimento, são drogas que podem enfraquecer a Nação.

Ruy Sant´Anna dos Santos, jornalista e advogado

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