Política versão salaminho

Está tudo muito bem, está tudo muito certo, à primeira vista, quando a imprensa mostra a ação da Polícia Federal apreendendo documentos, computadores e implementos com a prisão de seus proprietários ou empresários. Até aí o que está exposto à execração pública são os homens e mulheres, empresários. Mas e quando a União é a sonegadora? O que acontece quando quem sonega tenta disfarçar suas mazelas, é o governo federal? Por exemplo, o chefe da Nação admitir que o caixa dois é normal e que não vê crime nessa questão, e isso dito no exterior, e o mais grave com perguntas que pareciam combinadas para esfriar o calor do problema.

Deve ser por isso que dois artistas de renome nacional resolveram assumir o lado cafajeste, um ao dizer mais ou menos “que para lidar na política tem que se meter na merda”, e o ouro ao defender que “a ética não interessa e o que PT tem de fazer é lutar para ficar no poder”.

E essa heresia foi dita numa reunião de artistas de conhecimento nacional, em apoio e com a presença do presidente da República Luiz Inácio Lula da Silva. E creio que ninguém se arriscaria a dizer tamanha barbaridade, a não ser que estivesse se achando em terreno fértil para tanto.

Mas voltando aos sonegadores, é certo que seus erros não justificam outros como os do governo federal que para liberar dinheiro público dos municípios e estados tem que ser acionado judicialmente ou pressionado em tratoraços e assemelhados, e o que é isso? E o pior, muitas vezes quando perde a questão, recorre a instâncias superiores em processos meramente protelatórios ou no português claro, só pra enrolar e se possível passar o mandato! E o prejuízo que o governo provoca com suas artimanhas é muito maior que os dos empresários brasileiros. Ele é punido quando usa de propagandas enganosas para disfarçar esses erros?

Enquanto isso assistimos aos anúncios de aumentos arrecadatórios de impostos pelo governo Lula que, em três de seus quase quatro anos, a União bateu todos os recordes de arrecadação. Com isso o presidente Lula quebrou sua promessa de reduzir a incidência de impostos nas costas da população. Mas também a incontinência verbal da língua de tamanduá do governo não deixou passar o momento para fazer mais promessa: “diminuir os juros” e, preparem-se os aposentados do INSS porque Lula já avisou que, se for “reeleito vai diminuir o déficit da previdência”, o que deve significar novo arrocho, a exemplo do que exigiu dos idosos de noventa anos que tiveram de ir pra fila do INSS como prova de estarem vivos…

Problema grave a de ser exposto é o do assistencialismo, tanto exibido como solução nacional, que não é, porque na medida em que aumenta só a entrega de dinheiro minguado mas que para quem recebe é muito, sente-se como presenteado com uma dádiva maior do que é na realidade. E não existe sequer a intenção de tirar os que têm fome dessa situação. É preciso mantê-los nessa dependência, o vício que deixa pessoas na condição de não acreditar em si próprias, pois não têm qualificação e nem oferta de trabalho.

Além de tudo isso, trabalho social não é apenas distribuir assistencialismo, sem tirar o necessitado da miséria em que vive. Assistência social é negada, é anulada quando o governo federal briga para pagar menos aos hospitais e aos médicos pelo SUS. Nessa atitude que o governo vê como vitória, derrubar e ou manter a correção da tabela do SUS é um equívoco e demonstra descaso e desconhecimento da realidade dessa área da saúde.

Essa é uma seríssima questão social que desestabiliza todo o sistema não só da saúde brasileira mas de sua população. Tal reajuste buscado pelos hospitais e profissionais da saúde que atendem pelo SUS e recebem uma merreca de dinheiro, melhoraria a qualidade de serviços. Também não se pode ser contra o controle das Autorizações de Internação Hospitalar, porém isso deve ser feito com critério que não prejudique as instituições que já estão endividadas nas redes bancárias e sucateadas.

Mudando de assunto, Lula não pode nem criticar a atitude da Volkswagen que pressiona seus trabalhadores a aceitarem propostas desumanas com achatamentos intoleráveis nos direitos trabalhistas. Os servidores continuam inconformados com o ex-companheiro Lula. Para receber o recente reajuste salarial, eles são obrigados a renunciar aos ganhos incorporados ao salário por decisões judiciais ou administrativas. Enquanto isso, Lula parece viver em outro Brasil.

Ruy Sant‘Anna dos Santos, Jornalista e advogado

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