Quo Vadis Universidade ?

DA ACADEMIA ÀS REDES E COMUNIDADES DE APRENDIZAGEM DA GLOBALIZAÇÃO DA ECONOMIA À GLOBALIZAÇÃO DA SOLIDARIEDADE

Prof. Dr. Arnoldo José de Hoyos Guevara
(dehoyos@obelix.unicamp.br)
Mentor da ONG Gira Sonhos
(www.girasonhos.org.br)
Atualmente atuando no IA (Multimeios)
e responsável pelos Seminários de Cultura de Paz na UNICAMP.

Da Academia Local para a Academia Global. As Universidades estão passando por um processo de Renovação. Nos Estados Unidos 90% das Universidades já oferecem cursos na modalidade de Educação a Distância principalmente relacionados à Educação Continuada (www.abed.org.br); enquanto a maioria dos alunos já são, a grande maioria das Universidades logo serão não tradicionais (tais como a Thunderbill e a Motorola) e/ou misturas de parcerias e consórcios interinstitucionais (www.educase.unc.edu).

No Brasil logo as Universidades serão autorizadas a trabalhar numa mistura de modalidades, com uma parcela muito significativa de Educação a Distancia (30%). Visionários como Tadau Takahashi lança o Livro Verde da Sociedade da Informação (www.socinfo.org.br), prometendo publicar brevemente o Livro Branco para estimular e articular estratégica e colaborativamente as pesquisas na área de Tecnologias de Informação e Comunicação no país, e se abre a primeira filial de um Banco de Conhecimentos nessa área o Giga (www.gigaweb.com) em parceria com a FGV; Gilson Schwartz do IEA-USP abre o portal “Cidade do Conhecimento” (www.usp.br/iea/cidade); e Rubem Alves se surpreende e nos surpreende com seu novo livro “A Escola que Sempre Sonhei Sem Imaginar que Pudesse Existir” sobre a experiência da skholé Ponte de Portugal, essencialmente autogerenciada pelas crianças. Estes são sinais e profetas dos novos tempos que mostram que estamos aceleradamente superando a fase de transição da Era da Informação para a Era do Conhecimento; e nos alertam e convocam para tomar medidas urgentes em relação aos novos e intrigantes desafios para o Sistema Educacional em geral, e em particular, no que diz respeito às Universidades, que precisam se posicionar estrategicamente perante estes desafios, tecnológicos, metodológicos e culturais; que por sinal vão muito além das necessidades de amplo acesso às tecnologias de informação e comunicação de ponta, e que, entretanto, são por elas ressaltados.

Esta situação é principalmente relevante no Brasil das estruturas burocráticas Napoleônicas, pois representa uma oportunidade para dar um salto absolutamente necessário, baseado num efeito secundário da transição de Eras, que representa um estímulo sócio-cultural dos princípios de Autonomia e Responsabilidade; e que já até se manifesta em projetos de reforma administrativa no setor publico (www.sampa.org.br, www.estado.rs.gov.br, www.santoandre.sp.gov.br). Porém, um outro desafio importante está relacionado com o fato de que estamos finalmente iniciando uma Revolução Copernicana na Área de Educação, no sentido que cada vez mais explicitamente, o Aluno e não mais o Professor deverá se tornar, diretamente e/ou em colaboração com seus pares, responsável pelo seu próprio Processo de Aprendizagem; processo este que a sua vez será bem mais flexível, individualizado, descentralizado, voltado para a pessoa que aprende, e não-localizado no Espaço e no Tempo.

Existe um consenso que está surgindo de que as Palavras Chaves deste Novo Contexto Educacional são as Redes e Comunidades de Aprendizagem com sua abordagem Sócio-Construtivista; bem como uma tônica de Responsabilidade Social. A Formação e o Bom funcionamento dessas Comunidades de Aprendizagem, que representam claramente uma realidade emergente no momento, dependerá não somente de tecnologia apropriada (CSCL, CSCW, CSCE), mas também do desenvolvimento de uma Cultura que promova a valorização da Diversidade, da Solidariedade e do reforço dos Vínculos. Acreditamos que para a Implementação deste Novo Projeto de Sistema Educacional será necessário, nas palavras de Edgar Morin, “Reformar o Pensamento para Reformar o Ensino e Reformar o Ensino Para Reformar o Pensamento”; e deverá implicar em:

primeiro: abrir os horizontes epistemológicos e cognitivos para se pensar e modelar em termos de complexidade (www.mcxapc.org), de transdisciplinariedade (www.cetrans.futuro.usp.br, www.perso.club-internet.fr/nicol/ciret/), de organizações caórdicas (www.chaordic.org); e de certa forma apoiando e apoiando-se em algumas das idéias de meta-conhecimento de Edgar Morin tais como: Conhecimento do Conhecimento, Ciência com Consciência, e a Humanização e Conscientização Planetária; bem como na visão de Macrotransicões de Ervin Laszlo.

segundo: saber adaptar em forma sinérgica, e conforme as circunstâncias, as atividades de ensino-aprendizagem: síncronas, assíncronas, presenciais e semi-presencias, que fazem parte das novas tendências de e-Learning e da Educação Distribuída em geral, cuidando-se porém da necessária preservação e reforço de vínculos sócio-afetivos; de forma que a Educação a Distância não seja uma Educação Distante.

terceiro: tornar-se um verdadeiro artesão que possa habilmente articular a utilização intensiva e atualizada da hipermídia e da cibertecnologia com seu apropriado desenho instrucional, necessário para produzir a alquimia entre forma e conteúdo, para dar Sabor ao Saber, Prazer ao Aprender, caminhando dessa forma na direção da Era do Edutainment.

quarto: saber desenvolver, supervisar e aprimorar permanentemente novas formas de aprendizagem colaborativa, que sem dúvida será um dos fatores críticos de sucesso nesta nova era da Interconectividade, da Sociedade em Rede e das Comunidades de Aprendizagem.

quinto: reforçar os quatro pilares da Educação do Futuro propostas pela UNESCO no Relatório Delors: Aprender a Aprender, Aprender a Fazer, Aprender a Conviver e Aprender a Ser. Isto significa em particular promover o desenvolvimento de competências e assim, não só de conhecimentos, mas também de habilidades e atitudes; e portanto, de Valores Humanos.

Tudo isto indica que os esforços das Universidades, responsáveis pela geração do Capital Intelectual no país indispensável para a sustentabilidade da Sociedade do Conhecimento, devem ser condizentes com a urgente necessidade de gerar também Capital Social, indispensável para o bem-estar e até a sobrevivência da própria Sociedade.

Afortunadamente, começamos a perceber na Sociedade em geral o despertar para um novo senso de Responsabilidade, Ética e Cidadania. O Instituo Ethos (www.ethos.org.br), que desenvolveu um exemplar indicador de Responsabilidade Social e que já conta com o apoio e participação das 500 maiores empresas do Brasil, tem como lema “Porque a Sociedade Valoriza Aqueles que Valorizam a Sociedade”. Na UNICAMP, o recentemente aprovado Plano Estratégico Institucional, bem como as iniciativas de articulação de projetos sócio-ambientais junto às prefeituras da região certamente mostram que estamos no caminho de colocar em forma mais plena e explícita os recursos da Universidade ao serviço da Comunidade.

Manifestamos este Novo Espirito de Responsabilidade Social observando e participando do crescimento acelerado do Terceiro Setor, e celebrando o Ano Internacional do Voluntariado e a Década da Paz. Na verdade mesmo que a transição de um Cérebro Global, que está acontecendo, para um Coração Global, que está por acontecer, possa ainda demorar algum tempo, parece que estamos sendo forçados a acordar para o fato de que toda Crise é um sinal de Alerta e representa tanto Riscos quanto Oportunidades, conforme nos ensina a sabedoria Taoísta.

Sem dúvida, quanto maior a crise maior é o risco de catástrofes, de colapso dos sistemas, mas também são maiores as oportunidades de transformações radicais, de verdadeiras metamorfoses. O momento é delicado e requer como nos recomendaria Ítalo Calvino: Rapidez, Flexibilidade, Transparência e Muita Criatividade e Boa Vontade, para se poder articular estrategicamente os esforços do primeiro, segundo e terceiro setor em direção a projetos viáveis, inovadores e socialmente prioritários. Vamos superar a era da sociedade do mercado que conforme no ensina James Hillman prioriza o crescimento e a eficiência em deterioração do serviço e da manutenção. Vamos montar um Laboratório de Ação Social e Abrir um Portal da Solidariedade! Desta forma estaremos alinhados com as tendências das Macrotransições, bem como sintonizados com a Visão de Eutopia de Universidade de Dom Pedro Casadáliga: Um Universidade que se forja de Valores e Compromissos … clube de poetas vivos e de intelectuais orgânicos; vanguarda até, mas a Serviço!

Shalom na evernet.

Prof. Dr. Arnoldo José de Hoyos Guevara
(dehoyos@obelix.unicamp.br)

Mentor da ONG Gira Sonhos
(www.girasonhos.org.br)

Atualmente atuando no IA (Multimeios) e responsável pelos Seminários de Cultura de Paz na UNICAMP.

P.D. Dear Hem: Our chesse is now knoware, make your way fast and take care. Ham

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