O grande companheiro Ramez Tebet se foi nessa sexta-feira, vencido numa luta desigual contra o câncer. Ele estava em sua casa, em Campo Grande, com os quatro filhos e a esposa. O local e a companhia escolhida por absoluta e serena opção. E começam por aí as lições de dignidade, coerência e grandeza desse parceiro de tantas lutas em favor do Brasil e do resguardo permanente das instituições, sobretudo do Senado da República, onde ocupou uma cadeira com brilho e extremada responsabilidade civil. Os homens passam, costumava repetir, mas a dignidade e a decência haverão de permanecer.
Foram, com absoluta certeza, essas convicções e clareza de princípios que o fizeram, em mais de uma oportunidade, deixar o leito do hospital para ocupar a tribuna do Senado, para a apreensão fraterna de todos nós, e mandar ao País seu recado de brasilidade, de ética de respeito às instituições. No coração e na mente do companheiro Tebet estava a importância sagrada do papel institucional e ético do Parlamento na manutenção institucional da Democracia.
Advogado de formação e um político atuante numa trajetória marcada pelo brilho de seu compromisso público, Tebet foi escolhido para ser ministro da Integração Nacional, no Governo Fernando Henrique Cardoso, justamente por essa visão engajada com as demandas nacionais. Por isso percorreu o País de ponta a ponta, a repetir no gesto de acolhimento e atenção cívica, sua aliança inabalável com os interesses imediatos e de desenvolvimento de sua terra, sobretudo da parte mais esquecida pelas políticas públicas federais.
São muitas as lições a aproveitar e é imensa a falta que a figura de Ramez Tebet fará para o Brasil, este Brasil sacudido pelas derrapadas morais e legais e pelas querelas do imediatismo político, em detrimento das grandes lides que grandes homens como o companheiro Tebet soube postular e fazer avançar. Resta-nos honrar sua memória e fazer de seu legado a força motriz de um novo Brasil, eticamente saudável e politicamente decidido a levar adiante um novo patamar de prosperidade e decência de que tanto precisamos.
Gilberto Mestrinho, senador da República pelo PMDB do Amazonas