Sabedoria e Justiça

A riqueza é produto da capacidade do homem de pensar, dizia a escritora Ayn Rand. Para alcançar o saber, o exercício de pensar, raciocinar, questionar em incessante busca, é fundamental. Atingir a sabedoria é descobrir. O sábio, por sua vez, é prudente e sensato. Assim, o saber se opõe a ignorância. Entretanto, o mais interessante é verificar o encontro entre sabedoria e justiça.

É na Dikelogia platônica que encontramos a Teoria da Justiça, considerada uma espécie de virtude central que coordena todas as demais. Assim, possuir um senso de justiça apurado, aliado a sabedoria, representa algo singular, aquilo que todo ser humano deveria buscar, em especial aqueles que optam por ser operadores do Direito. Lidar com as leis é algo nobre, movimentar a justiça algo distinto, que deve ser exercido com o máximo de dignidade.

Assim, desde o início me chamou a atenção o nome com o qual foi batizada a turma de formandos do Direito noturno turma “A” do UniCEUB, “Sabedoria e Justiça”. Para nós, professores, é gratificante perceber que um grupo deixa os dias de faculdade para trás com a certeza dos rumos que deve seguir, com a confiança nos valores que deve trilhar. Dessa turma sairão juízes, advogados, promotores, dentre as várias carreiras que o Direito pode proporcionar. Esses operadores serão responsáveis por conduzir processos, realizar defesas, orientar clientes, redigir novas doutrinas, adotar novos posicionamentos, ou seja, farão parte da comunidade jurídica brasileira.

O Brasil precisa de mais sabedoria e justiça, disso temos certeza. Contudo, apesar das dificuldades, o País tem avançado, continuamente, em direção aos valores democráticos. Enxergamos progressos. Vivemos em um país com liberdade de expressão onde as idéias podem circular livremente, onde é possível adquirir sabedoria, onde é possível buscar a justiça, onde é possível, enfim, realizar este grande encontro, proposto por alunos universitários que encerram um ciclo de vitórias.

Atingir a sabedoria e a justiça não é tarefa fácil. Os juízes são aqueles que possuem em suas mãos o poder final, portanto, aqueles que mais necessitam desta brilhante composição. Talvez por isso, os mesmos formandos que deram nome a turma, escolheram como seu patrono e paraninfo, respectivamente, dois reconhecidos e respeitados juízes, o ministro do Supremo Tribunal Federal, Marco Aurélio Mello e o Desembargador Federal Carlos Fernando Mathias. Juízes, homens que sempre devem ser sábios, aqueles que dentro do Estado Democrático de Direito brasileiro, são responsáveis por promover a justiça, o que segundo os gregos, pressupõe um apurado senso ético.

Para nós, professores, que tivemos o privilégio de conviver com alunos tão brilhantes, futuros profissionais de sucesso, temos a certeza que apesar dos afazeres do dia-a-dia, o exercício da docência, para qualquer profissional é gratificante, em especial neste caso, de onde sabemos que nascerão profissionais pautados pelo senso ético, sábios, sensatos, certos de que o caminho está apenas começando. A sabedoria, soma de conhecimentos humanos, é responsável por ajudar na busca incessante da justiça. Como homenageado desta turma, retribuo o imenso carinho reafirmando que certamente sou mais sábio em decorrência de nossa convivência. Hoje, a homenagem é para estes bravos vencedores, ao trazer uma frase lembrada pelos mesmos: “Jus est ars boni, sapiens et aequi” – O Direito é a arte do bom e do justo.

Artigo redigido em 24.02.2005
Em Brasília, DF.

* Márcio Chalegre Coimbra, é advogado, sócio da Governale – Relações Governamentais (www.governale.com.br). Habilitado em Direito Mercantil pela Unisinos. Professor de Direito Constitucional e Internacional do UniCEUB – Centro Universitário de Brasília. PIL pela Harvard Law School. MBA em Direito Econômico pela Fundação Getúlio Vargas. Especialista em Direito Internacional pela UFRGS. PhD em Direito Internacional pela Universidade de Winsconsin.
Conselheiro do Instituto Liberdade. Vice-Presidente do Conil-Conselho Nacional dos Institutos Liberais pelo Distrito Federal. Sócio do IEE – Instituto de Estudos Empresariais. É editor do site Parlata (www.parlata.com.br) e articulista semanal dos sites www.diegocasagrande.com.br e www.direito.com.br.
Possui artigos e entrevistas publicadas em diversos sites nacionais e estrangeiros (www.urgente24.tv e www.hacer.org) e jornais brasileiros como Jornal do Brasil, Gazeta Mercantil, Zero Hora, Jornal de Brasília, Correio Braziliense, O Estado do Maranhão, Diário Catarinense, Gazeta do Paraná, O Tempo (MG), Hoje em Dia, Jornal do Tocantins, Correio da Paraíba e A Gazeta do Acre. É autor do livro “A Recuperação da Empresa: Regimes Jurídicos brasileiro e norte-americano”, Ed. Síntese – IOB Thomson (www.sintese.com).

Autor: Márcio C. Coimbra

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado.


Você está prestes a ser direcionado à página
Deseja realmente prosseguir?
Atendimento