Sem pizza, vai a massa crua mesmo

Jarbas Andrade Machioni

SÃO PAULO – Desistiram de fazer a pizza em Brasília: preparem-se, cidadãos, para engolir a massa crua mesmo. Lá na capital federal os políticos têm mais o que fazer, como… zelar pelo silêncio dos colegas pegos em flagrante por coisas ilícitas que todos eles fazem. Que senso de coerência, que extraordinário senso de justiça! É o princípio da eqüidade em sua aporia máxima: se eu cair levo todo mundo, inclusive o barbudo lá!

Isso já deu samba: “se gritar pega ladrão, não sobra um meu irmão!” Mas ninguém esperava que fosse tanto, pois se Lincoln disse: “não se pode enganar todos o tempo inteiro”, é porque ele não conheceu o Brasil. Pensando bem, aqui não precisa se enganar, basta dizer que se tratam de fatos normais… simples como suprimir o “a” de “anormais” _ questão, pois, ortográfica.

Substituíram e distorceram o heróico dístico da bandeira da Paraíba, o Négo (permitam-me a liberalidade do acento diferencial) passou a ser “Négo Tudo!”, ou ficaria melhor “Repilo Tudo?” Nesse ritmo, vamos mudar também o da bandeira nacional: Desordem e Progresso Negativo!

Despudorados, políticos dizem inexistir provas do mensalão, e que as penas devem ser brandas… É a versão ultra-moderna de velhas desculpas. Explico para o leitor: antigamente alguém flagrado com outra pela namorada diria algo como “não é isso o que você está pensando”. Hoje diria “não há provas, alguém me viu beijando? Sou um homem honrado, isso é coisa da elite (Models, talvez?)…

Estamos admitindo uma nova modalidade de política: a política garota de programa . O autor quer deixar claro que nada tem contra as antigamente chamadas “prostitutas” , pois trata-se de um termo politicamente incorreto que deve ser repelid… ops, desculpe leitor, deve ser substituído por algo mais politicamente _ como caiu bem aqui esse advérbio! _ correto. Aliás, hoje em dia não se pode esquecer de estarmos falando de uma profissão honrada como tantas outras; dizem que logo teremos para ela um termo “sofisticadamente estapafúrdio” no melhor “portinglês”, algo como “personal lazer”.

Nesse faz-de-conta, finge-se que a economia está indo bem; hei, isso dá rima: bem? muito bem, mas bem para quem? Para a elite rentista e seus anéis burocráticos do poder. Como diria Sarney: tudo pelo social! E os seus críticos disseram: tudo pelo social não vai dar, alguém vai ter de ir pelo de serviço (e a maioria pelas escadas)!

Quem diria: o velho sapo barbudo que a elite teria de engolir viraria uma fina iguaria (isso não é uma rima nem solução, é um desastre!). Imagine o maître do Restaurant Brésil: Bonsoir, madames, monsieurs, talvez devêssemos considerar grenouille (rã), não à provençal, mas ao fino e saboroso molho dos melhores juros do mundo!

O imenso acerto que mais uma vez os anéis burocráticos e empresariais detentores do poder efetuaram, mantendo o Sr. Luiz Inácio Lula da Silva e seu grupo, custará muito caro ao Brasil.

De agora em diante, passará a valer tudo. Agravaram-se os meios escusos de alcance e permanência no poder. Lançar mão a eles dependerá apenas do grau de ética pessoal dos próximos ocupantes do Planalto, e não das instituições.

Não se espante, leitor, se no futuro, começarem a surgir notícias de fraudes nas próprias eleições. Já avisaram: as urnas eletrônicas _ como qualquer sistema eletrônico _ não são imunes a fraudes. Não se espante pois, o vale-tudo está nas ruas e nos palácios.

Última Instância Revista Jurídica

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