Por Carlos Brickmann,
jornalista
Chega de brincadeira: a presidente Dilma ficou irritada com Ricardo Teixeira, ficou irritada com a Fifa, ficou irritada com as exigências para a realização da Copa. Mas cedeu em tudo – menos, por enquanto, na meia-entrada para idosos.
Presidente, desculpe a minha ousadia: se está irritada, tome um calmante. Depois, informe ao pessoal da Fifa o que eles já deveriam saber: que o país tem leis e que essas leis devem ser cumpridas. A Fifa é uma entidade privada e tem o direito de reivindicar medidas que aumentem seus lucros. O Governo brasileiro é uma entidade pública e tem o dever de exigir o respeito às leis.
Meia-entrada para estudantes, por exemplo. Este colunista é contra, por não conseguir entender como é que assistir a uma partida da Copa pela metade do preço vá estimular o estudo (ah, sim: a carteirinha de estudante, que dá direito à meia-entrada, é emitida e cobrada pela UNE, comandada pelo mesmo partido do ministro dos Esportes).
Mas, quando decidiu realizar a Copa no Brasil, a Fifa conhecia as leis brasileiras.
A Ambev produz e vende cervejas, cujo consumo é proibido nos estádios do país. É patrocinadora da Copa – e daí?
Se a Fifa aceitasse o patrocínio da Cosa Nostra, iria exigir a liberação da cocaína nos estádios? E a Ambev, só lucra com cerveja? Sua linha de refrigerantes não é rentável?
Sou favorável à realização da Copa no país – mas não a ponto de mudar as leis para agradar os donos do futebol.
Se quiserem sair, saiam. O Brasil vive há 61 anos sem realizar a Copa. Não vai sumir se o jejum continuar.
brickmann@brickmann.com.br