Blitz termina em confusão com desembargadora

Uma blitz de trânsito em Florianópolis(SC) terminou em confusão entre policiais militares e a desembargadora do TJ de Santa Catarina Rejane Andersen, pela suposta tentativa dela de liberar o carro do filho apreendido pela PM por transitar com documentação vencida.

O fato ocorreu às 22h12min de quinta-feira (15) no bairro Cachoeira do Bom Jesus, onde policiais faziam barreira de trânsito quando abordaram um Celta preto. Segundo os militares, o motorista não tinha documentos. Consultando o sistema do Detran, a PM constatou que o veículo estava com débitos de 2009 e multas.

O condutor do veículo teria telefonado para a mãe – a desembargadora -, que 15 minutos depois chegou ao local. Houve discussão e um dos policiais resolveu filmar o acontecimento com o telefone celular. O vídeo mostra a magistrada exaltada e discutindo com os soldados.

Em determinado momento da discussão, um policial advertiu a desembargadora – até então sem saber de quem se tratava: “se tocar a mão em mim de novo, eu vou prender a senhora.”

Seguiu-se, então, a identificação:

Desembargadora – “O senhor sabe quem eu sou?”

Policial – “Não.”

Desembargadora – “Desembargadora do Tribunal de Justiça.”

Policial – “Que bom então, a senhora deveria dar um exemplo melhor”.

O capitão Richard Westphal disse que a desembargadora não queria que o carro fosse levado ao guincho para onde costumam ser levados os veículos irregulares, em Palhoça, porque regularizaria a situação no dia seguinte à confusão. Segundo ele, os soldados afirmaram que a magistrada teria tentado interferir na ação policial.

O comando-geral da Polícia Militar de SC saiu em defesa dos soldados, afirmando que agiram com civilidade e de acordo com o Código de Trânsito Brasileiro, tomando a atitude correta.

No TJ-SC, a posição da presidência é aguardar os desdobramentos. O desembargador José Trindade dos Santos, presidente do tribunal, por meio de sua assessoria, disse que vai esperar a comunicação formal das autoridades.

Já a Associação dos Magistrados Catarinenses (AMC) apoiou a desembargadora e avaliou que não houve abuso de autoridade. Em nota assinada pelo seu presidente, Paulo Ricardo Bruschi, a entidade afirma que Rejane teria sofrido provocações e ameaças pelos policiais militares. A associação entende que ela questionou de maneira educada a necessidade de liberar os envolvidos antes da chegada do guincho e que a abordagem dos PMs passou a ser agressiva. “Não restou outra alternativa à desembargadora que não fosse a de evidenciar a sua condição de magistrada” — afirma o presidente da AMC.

Procurada pela reportagem do jornal Diário Catarinense, a desembargadora enviou por e-mail uma nota em que nega ter cometido abuso de autoridade. Segundo ela, “relativamente a assuntos recentemente veiculados, esclarece-se que tratou-se tão somente de ausência momentânea de documentos de um veículo automotor, o que já foi sanado, não tendo, em absoluto, utilizado-se de abuso de autoridade, sendo, lamentavelmente, dado conotação diversa ao ocorrido, que sob a nossa ótica encontra-se encerrado.” (Com informações do Diário Catarinense).

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