por Marcia Carmo de Buenos Aires para a BBC Brasil
O Brasil é o 12º país do mundo que mais investe na área de defesa, segundo uma pesquisa realizada pelo instituto argentino Centro de Estudos Nova Maioria (CENM), à qual a BBC Brasil teve acesso nesta quarta-feira.
Os dados do documento, chamado “Balanço Militar da América do Sul 2008”, mostram que o Brasil gastou US$ 20,7 bilhões na área de defesa durante o ano de 2007.
Este montante representa mais da metade (53%) do total gasto no setor pelos 12 países-membros da Unasul (União dos Países da América do Sul) no mesmo período.
Em 2007, o gasto total na área de defesa dos países da Unasul foi de quase US$ 40 bilhões.
“O Brasil é o único país da Unasul que está entre os 15 países do mundo que mais gastaram em defesa em 2007”, diz o estudo.
Ator global
Os gastos do Brasil no setor de defesa representam a metade do que a Alemanha investiu no mesmo período, mas são superiores aos investimentos feitos por Austrália, Canadá e Espanha.
De acordo com a pesquisa, os Estados Unidos são o país que mais investe em defesa no mundo, com cerca de 41% do gasto mundial, que foi de US$ 1,3 trilhão em 2007.
Já os investimentos do Brasil representam somente 1,5% do total global.
Segundo o diretor do CENM, Rosendo Fraga, é natural que o Brasil invista mais que os outros países da América do Sul no setor militar, devido às suas dimensões geográficas e ao seu PIB (Produto Interno Bruto), também muito superior aos dos demais.
“O Brasil é o único país da América Latina que tem vocação para ator global. Seu projeto de longo prazo não é ser um líder regional, mas uma potência global, como são os outros países que formam o grupo dos Bric (Rússia, China e Índia)”, afirma Fraga
“Os gastos militares do Brasil respondem a dois objetivos: segurança regional – que inclui Amazônia e regiões de fronteira – e se tornar uma potência global”, completa.
Segundo ele, o objetivo de se tornar uma “potência global” justifica projetos brasileiros como o do submarino nuclear e o recente acordo militar com a França.
Dados preliminares referentes ao ano de 2008 mostram que o Brasil teria aumentado seus investimentos militares, desembolsando US$ 27,5 bilhões no setor.
O estudo mostra ainda que houve um salto nos investimentos do Brasil na área da defesa. Em 2004, estes investimentos somavam apenas US$ 9,5 bilhões.
América do Sul
Segundo a pesquisa, em 2007, o Chile foi o segundo país sul-americano que mais gastou em defesa, com cerca de US$ 5,3 bilhões em investimentos.
Depois, aparecem a Colômbia, com US$ 4,5 bilhões, e a Venezuela, com US$ 2,5 bilhões em gastos militares.
Dados preliminares referentes ao ano de 2008, no entanto, informam que a Colômbia teria ultrapassado o Chile, gastando US$ 6,7 bilhões em defesa contra US$ 6,3 bilhões do atual segundo colocado na região.
Ao mesmo tempo, estima-se que a região como um todo gastou US$ 51,1 bilhões em defesa no ano passado.
PIB
Outra comparação feita no estudo mostra que os gastos militares do Brasil em 2007 representaram 87% do orçamento de defesa total dos países do Mercosul – Brasil, Argentina, Paraguai e Uruguai – e são quase o triplo do que foi desembolsado pela Comunidade Andina de Nações – Bolívia, Colômbia, Equador e Peru.
Mas a posição do Brasil muda na comparação dos gastos militares de cada país da América do Sul em relação ao PIB.
O gasto militar do Brasil em 2007 foi de 1,58% do PIB.
Esta relação é menor do que o que país destinava para o setor em 1985 (3% do PIB) e 2002 (2,3% do PIB), segundo uma pesquisa publicada pelo CENM em 2004.
Na comparação investimentos em defesa versus o PIB, o Brasil ficou em sexto lugar na região, junto com a Bolívia.
A pesquisa aponta que Equador foi o país da América do Sul que mais dirigiu recursos do PIB para defesa (3,38%) em 2007.
Logo depois, aparecem Chile (3,27%) e Colômbia (2,63%).
A Venezuela, de acordo com o estudo, destinou 1,09% do PIB para defesa em 2007.
A Argentina é o país que menor porcentagem de seu PIB destinou, naquele ano, a esta área e ficou junto com o Suriname, com 0,92%.
O estudo da CENM é baseado em dados próprios, números oficiais de cada país e informações de organismos internacionais.