Cartão de crédito – Negócio fechado com financeira sempre a favorecerá

por Arthur Rollo

O acesso ao crédito por uma maior parcela da população vem sendo comemorado por demonstrar o progresso da economia brasileira. Aqueles que antes não tinham acesso ao crédito e, conseqüentemente, a certos produtos, passaram a ter.

A oferta do crédito em si deve ser comemorada. Entretanto, a oferta indiscriminada de crédito é fator nocivo para a economia e para os consumidores, porque aumenta a inadimplência que, por sua vez, incrementa o risco da atividade dos fornecedores, os juros, em verdadeiro efeito bola de neve.

Hoje, infelizmente, ainda recebemos cartões de crédito sem pedir. Muito embora essa conduta seja considerada prática comercial abusiva pelo Código de Defesa do Consumidor, ainda vem campeando no mercado. Remete-se cartão de crédito a uma pessoa sem qualquer critério o que, fatalmente, vai redundar no seu endividamento, porque muitos não controlam seus impulsos consumistas com o cartão na mão.

O cartão de crédito dá ao consumidor uma sensação de onipotência, permitindo que ele gaste o que não tem. Faz com que o consumidor não precise esperar o recebimento do salário para adquirir o que precisa ou o que não precisa.

O consumismo é fomentado pelos cartões de crédito, levando o consumidor a acumular quinquilharias desnecessárias em casa, frutos de compras compulsivas e irrefletidas.

Número significativo de consumidores hoje deve para administradoras de cartões de crédito, sendo que estas, por conta dos riscos de inadimplência, praticam as taxas de juros mais altas do mercado. O consumidor que conta com débitos nos cartões de crédito se afoga em dívidas e, por vezes, não dá conta sequer de pagar os juros mensais. Essa, sem dúvida, é a pior dívida a ser contraída na atualidade.

Mesmo sem querer, porque recebe sem pedir cartões de crédito em casa, o consumidor acaba se endividando. E, depois de concederem essa suposta benesse, as administradoras endurecem na negociação das dívidas. Muitas vezes sequer o desconto dos juros existe.

Mas as administradoras de cartões não são as únicas vilãs do mercado, visto que hoje as financeiras instalam banquinhas em locais de grande fluxo de pessoas oferecendo crédito a todos aqueles que passam pela rua, sem maiores critérios de triagem.

O consumidor acaba sendo seduzido pela oferta de crédito, contratando um empréstimo desnecessário como se negócio da China fosse. Após gastar o dinheiro recebido, muitas vezes em bens desnecessários, haverá o comprometimento da renda mensal, tornando o consumidor ainda mais vulnerável às incertezas e imprevisões da vida, como doenças na família, demissões, etc..

Essas ofertas das financeiras, não raro, escondem taxas de juros exorbitantes, cobranças de taxas de abertura de crédito, o que significa que o prejuízo fica todo com os consumidores, porque a vantagem da contratação é nenhuma.

Muito tem sido feito para tentar evitar as ofertas enganosas e indiscriminadas de crédito mas, não obstante todas tentativas, elas ainda crescem no mercado, prejudicando imensa camada de consumidores. Não é a toa que, paralelamente ao aumento do crédito, está ocorrendo o aumento dos índices de inadimplência e do número de cadastrados nos serviços de proteção ao crédito.

Empréstimos devem ser contratados apenas em último caso e cartão de crédito é para ser utilizado com critério. Quem possui vários cartões de crédito e contrai vários empréstimos corre sério risco de entrar para as estatísticas da inadimplência. O melhor caminho, ainda, é economizar antes de comprar e para prevenir as incertezas da vida.

Não existe financeira ou administradora de cartão de crédito boazinha. O negócio sempre será favorável ao fornecedor e os consumidores têm que ter isso em consideração antes de qualquer contratação.

Revista Consultor Jurídico

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