por Paula Laboissière
Cerca de 4 mil representantes de governo, de trabalhadores e de empresários estão reunidos em Genebra, na Suíça, em busca de respostas para o impacto da crise financeira sobre a empregabilidade. A 98ª Conferência Internacional do Trabalho – que começou no último dia 3 – tem como finalidade discutir os meios para proteger trabalhadores, famílias e empresas afetadas pela instabilidade econômica.
A própria Organização Internacional do Trabalho (OIT) aumentou as projeções sobre desemprego para este ano, e a estimativa é de que entre 210 milhões e 239 milhões de pessoas estejam sem trabalho em todo o mundo – o que corresponde a taxas de desemprego que podem chegar a 7,4%.
O relatório Atualização das Tendências Mundiais de Emprego, publicado em maio pela organização, mostra um aumento de até 59 milhões de desempregados em relação a 2007 como o cenário mais provável. “A cifra final dependerá da efetividade dos gastos fiscais dos governos e do funcionamento do setor financeiro”, diz o documento.
Já as projeções mais atualizadas sobre pobreza global, de acordo com a OIT, alertam que 200 milhões de trabalhadores correm o risco de passar a fazer parte do segmento de pessoas que vivem com menos de US$ 2 por dia.
De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva chega amanhã (14) à cidade suíça. Na segunda-feira (15), ele participa da conferência por meio de uma cúpula sobre a crise mundial do emprego – momento de maior destaque do encontro. A previsão é de que pelo menos dez chefes de Estado participem da reunião.
Haverá ainda um painel integrado por vice-presidentes, ministros do Trabalho e líderes de empregadores e de sindicatos dos 183 países membros da OIT.
A conferência discute também a igualdade de gênero no universo do trabalho, com destaque às boas práticas necessárias para superar o déficit relacionado ao acesso a direitos, oportunidades de trabalho, proteção social e diálogo social.
Outra abordagem trata do tema HIV/aids, para elaborar uma recomendação específica sobre o assunto. As sugestões propostas pela OIT ao final da conferência não implicam nenhuma obrigação legal e servem apenas como guia para a ação política e legislativa, mas todos os países membros têm a responsabilidade de enviar relatórios sobre sua aplicação.
Durante a abertura do encontro, o diretor-geral da OIT, Juan Somavia, avaliou que a crise do emprego e da proteção social provocada pela queda na atividade econômica poderá durar entre seis e oito anos e cobrou dos delegados um “pacto mundial para o emprego”.
Ele lembrou que a economia mundial deveria gerar 300 milhões de postos de trabalho até 2015, mas que o planeta avança “na direção contrária”, com estimativas de que o desemprego continuará aumentando até o final de 2010 ou mesmo até 2011.