Conselho dos Guardiões do Irã aceita recontar votos contestados

O poderoso Conselho dos Guardiões do Irã, órgão que supervisiona a eleição presidencial, anunciou nesta terça-feira que está disposto a recontar os votos do pleito de sexta-feira contestados pela oposição.

O candidato moderado Mir Hossein Mousavi contestou a reeleição do presidente Mahmoud Ahmadinejad, alegando fraude generalizada.

O correspondente da BBC na capital do país, Teerã, Jon Leyne, disse que o anúncio do conselho representa uma mudança radical de posição.

Os resultados oficiais da votação provocaram três dias de grandes protestos no Irã.

A rádio iraniana diz que sete pessoas morreram durante manifestações na segunda-feira.

O Conselho dos Guardiões disse que os votos serão recontados em áreas contestadas pelos candidatos derrotados.

Leyne afirmou que isso pode permitir que os candidatos derrotados contestem todos os votos da eleição presidencial.

Novas manifestações estão sendo convocadas por partidários de Ahmadinejad e Mousavi e estão marcadas para acontecer no mesmo local – a Praça Vali Asr, no centro de Teerã.

Maior protesto em 30 anos

O protesto de segunda-feira envolveu centenas de milhares de pessoas e foi um dos maiores desde a Revolução Islâmica no Irã, há 30 anos.

Segundo a rádio iraniana, no fim do ato público – considerado “ilegal” pelas autoridades – quando as pessoas se dirigiam “pacificamente” para casa, teriam ocorridos os incidentes violentos que resultaram na morte de sete pessoas.

“Vários vândalos queriam atacar um posto militar e depredar propriedade pública nas redondezas da Praça Azadi”, disse a emissora, referindo-se ao local do protesto.

Imagens do incidente mostraram homens armados, em trajes civis mas usando capacetes, apontando armas de fogo contra a multidão do teto do posto militar.

Preocupação internacional

Dezenas de ativistas da oposição foram presos desde o início dos protestos.

Há notícia de que vários políticos reformistas de destaque, inclusive o ex-vice-presidente Mohammad Ali Abtahi e um aliado de Mousavi, Saeed Hajarian, foram detidos durante a noite.

Leyne acrescenta que está diminuindo o apoio das autoridades ao presidente Ahmadinejad.

O presidente do Parlamento, Ali Larijani, condenou a resposta aos protestos. Segundo a mídia iraniana, Larijani disse: “O ministro do Interior é responsável por isso.”

O líder supremo do país, aiatolá Ali Khamenei, ordenou a abertura de um inquérito para investigar as alegações de irregularidades na votação.

A forma como as autoridades lidaram com os protestos atraiu críticas da comunidade internacional.

Ministros do Exterior da União Europeia manifestaram “séria preocupação” e pediram um inquérito para investigar a eleição.

O presidente dos Estados Unidos, Barack Obama, disse que estava “profundamente preocupado” com a violência no Irã.

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