A Coreia do Norte anunciou nesta segunda-feira que colocou suas tropas em estado de alerta, no primeiro dia de manobras conjuntas dos Estados Unidos e da Coreia do Sul na região, o que o regime comunista considera o prenúncio de uma invasão de seu território.
Pyongyang já havia ameaçado entrar em guerra com o país vizinho, caso Seul ou os EUA interceptem o satélite que pretende lançar em breve. Em um comunicado lido na televisão estatal, um militar alertou que qualquer tentativa de derrubar o aparelho será visto como ato de guerra.
Washington e Seul temem que o satélite seja um disfarce ao lançamento de um míssil de longo alcance.
“Disparar contra nosso satélite, destinado a fins pacíficos, significará uma guerra”, advertiu um porta-voz do Estado-Maior do Exército Popular da Coreia, em um comunicado divulgado pela agência oficial KCNA.
O Japão –que está na defensiva desde que a Coreia do Norte disparou em 1998 um míssil que sobrevoou seu território- afirmou estar disposto a derrubar qualquer lançamento norte-coreano em direção ao país.
Pyongyang acusa reiteradamente os EUA e Seul de ter intenções militares contra o país com os exercícios militares, realizados anualmente e com duração de doze dias, mas o tom das críticas deste ano foi mais duro e militarista.
As tropas da Marinha americana conduzirão exercícios de tiro ao norte de Seul e há uma hora apenas da fronteira entre os dois países. Um avião americano participará dos exercícios, segundo os militares dos EUA.
O governo norte-coreano afirmou que os exercícios são uma provocação que aconteceria apenas “na véspera de uma guerra” e ameaçou encerra a linha com os militares sul-coreanos –a única linha telefônica entre os dois exércitos que estão concentrados entre a fronteira das duas Coreias há mais de 50 anos.
Tensão
Os exercícios acontecem em meio a já agravada tensão entre Seul e Pyongyang, por causa da preparação norte-corerana para lançar o míssil Taepodong-2. Pyongyang diz que o lançamento faz parte do envio de um satélite para o desenvolvimento da comunicação do país, embora os EUA acuse o governo norte-coreano de ter intenções militares.
“Nós retaliaremos qualquer ação para interceptar nosso satélite que tem objetivos pacíficos com ataques imediatos usando os meios militares mais poderosos”, alertou Pyongyang, em comunicado. “Ataques contra nosso satélite que tem objetivos pacíficos significará, precisamente, guerra.”
As tensões na região aumentaram desde que Lee Myung-bak assumiu como presidente da Coreia do Sul, há cerca de um ano, e endureceu a relação com o vizinho do norte. Lee restringiu a crucial ajuda financeira à vizinha empobrecida na expectativa que Pyongyang permita maior vigilância externa à desnuclearização –um dos principais impasses ao avanço do processo.
Em resposta, Pyongyang cancelou uma série de acordos bilaterais.
Diplomacia
O Japão pediu nesta segunda-feira à Coreia do Norte que reduza suas ameaças contra os países que tentem interceptar o lançamento de seu satélite.
O chefe do Gabinete ministerial japonês, Takeo Kawamura, pediu a Pyongyang que “seja comedido nas ações que vai tomar já que afetam à estabilidade regional” e advertiu que o lançamento de um míssil ou satélite seria uma violação das resoluções do Conselho de Segurança da ONU (Organização das Nações Unidas).
Kawamura disse que as Forças de Autodefesa (Exército japonês) estão juntando informações constantemente e preparando a segurança de seu território, embora não tenha dito se aumentou o nível de alerta, segundo a agência Kyodo.