A Coreia do Norte advertiu nesta quarta-feira que poderá adotar uma ação militar em resposta ao anúncio da Coreia do Sul de aderir a um programa liderado pelos Estados Unidos que prevê a vistoria de navios suspeitos de transportar armas de destruição em massa.
“Qualquer ação hostil contra nossos navios pacíficos, inclusive com busca e confisco (de material) será considerada uma violação imperdoável da nossa soberania e nós vamos responder imediatamente com um poderoso ataque militar”, disse um porta-voz do Exército norte-coreano, de acordo com a agência de notícias oficial do país KCNA.
A Iniciativa de Segurança contra a Proliferação (PSI, na sigla em inglês), é um programa criado durante o governo do ex-presidente americano George W. Bush para impedir o tráfico mundial deste tipo de arma.
A Coreia do Norte disse que não se vê mais obrigada a cumprir o armistício que pôs fim à Guerra da Coreia em 1953, e que “a península coreana vai retornar ao estado de guerra”.
Um porta-voz militar mencionado pela mídia oficial norte-coreana disse que o governo não pode mais garantir a segurança do tráfego marítimo na região.
A mais recente ameaça é feita depois de um teste nuclear subterrâneo há dois dias e vários testes com mísseis.
O Conselho de Segurança das Nações Unidas está elaborando uma resolução condenando duramente o que a organização considera uma violação de suas convenções.
Após um primeiro teste nuclear pela Coreia do Norte em 2006, o Conselho de Segurança aprovou uma resolução proibindo o país de realizar novos testes.
Anti-proliferação
A Coreia do Sul anunciou na terça-feira que não vai mais protelar a sua adesão à PSI.
A Coreia do Norte advertiu reiteradamente que a participação dos sul-coreanos na PSI seria equivalente a uma declaração de guerra.
Mas o ministro do Exterior da Coreia do Sul, Yu Myung-hwan, disse que a adesão à iniciativa “é uma obrigação natural”, de acordo com a agência de notícias sul-coreana Yonhap. “Ela vai ajudar a controlar o desenvolvimento de material perigoso pela Coreia do Norte.”
A Coreia do Norte lançou cinco mísseis de curto alcance em dois dias, apesar de protestos veementes da comunidade internacional – inclusive da China e da Rússia.
A mídia da Coreia do Sul informou que foi visto um tipo de vapor saindo da usina nuclear da Coreia do Norte em Yongbyon, sugerindo que a usina de reprocessamento foi reativada.
“Satélites espiões dos Estados Unidos mostraram recentemente vários sinais da reativação da instalação de reprocessamento, paralisada no passado, tais como vapor d água”, disse uma autoridade não-identificada ao jornal Chosun Ilbo.
Uma notícia semelhante foi divulgada pela agência estatal Yonhap.
A Coreia do Norte anunciou no mês passado que estava abandonando as conversações multilaterais (EUA, as duas Coreias, Japão, China e Rússia) sobre o seu desarmamento e que reabriria a usina de Yongbyon, fechada em julho de 2007, como parte de um acordo.
As autoridades norte-coreanas atribuem a decisão à censura do Conselho de Segurança das Nações Unidas ao lançamento de um foguete da Coreia do Norte no dia 5 de abril.
Estados Unidos
O governo dos Estados Unidos está pedindo uma resposta rápida e unificada da comunidade internacional que deixe claro à Coreia do Norte que suas ações trarão consequências.
Diplomatas dos cinco membros-permanentes do Conselho de Segurança, além de japoneses e sul-coreanos, reuniram-se a portas fechadas para discutir uma resolução.
O porta-voz do Departamento de Estado americano, Ian Kelly, disse que a porta para a retomada das conversações multilaterais ainda está aberta e que os Estados Unidos estão examinando “uma ampla gama de opções”.
Este é um sinal da necessidade de cuidado para lidar com o país recluso, disse a correspondente da BBC em Washington Kim Ghattas.
A China tem uma fronteira com a Coreia do Norte e receia pressionar demais o governo norte-coreano, afirma Ghattas.