O empresário José Ricardo de Oliveira, dono da RW Engenharia, afirmou nesta segunda-feira ter participado de um esquema de pagamento de propina com verbas destinadas à reconstrução da região serrana do Rio de Janeiro. Ele prestou depoimento à Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) da Assembleia Legislativa (Alerj) que investiga possíveis negligências do poder público e de agentes políticos nas enchentes de janeiro. Ele também pediu intervenção da comissão para garantia da segurança de sua família.
O empresário confirmou as denuncias de corrupção, corroborou o que foi dito em depoimento ao Ministério Público Federal (MPF) e negou qualquer coação para depor. “Eu fui de livre vontade no Ministério Público Federal fazer este depoimento. Fui porque não recebi o pagamento pelo serviços prestados e por ter o pagamento da dívida da prefeitura com minha empresa condicionado ao pagamento de propina a agentes da prefeitura” , disse.
Ficou decidido que os parlamentares solicitarão cópia sigilosa dos depoimentos (uma ao MPF e outra para o MP estadual). “Esse depoimento (ao MPF) não deveria ter vazado, pois está em jogo minha integridade e de minha família”, afirmou. Ele disse que, além de ter que pagar propina para poder receber pelos serviços prestados, antes da tragédia o percentual da propina era de 15% sobre o valor do serviço, sendo a mesma paga diretamente ao secretário de obras à época, Paulo Marquesine.
Segundo o depoimento, após a tragédia, houve uma reunião entre as empresas Vital Engenharia, Sinal Engenharia (Terrapleno) e RW Engenharia, que teria sido presidida pelo ex-secretário de Planejamento, José Alexandre. Segundo Oliveira, teria sido proposto um “reajuste” de 15% para 50% de propina em relação ao valor dos serviços que iriam ser prestados. Ao não aceitar o aumento, o empresário teria saído da sala e deixado de receber os pagamentos da prefeitura. “Os intermediários que estão por trás desta trama são o Valério da Silva Medeiros (ex-presidente da Comissão de Licitação de Teresópolis), José Alexandre(ex-secretário de Planejamento) e Paulo da Silva Medeiros” , disse o representante da RW Engenharia.
A outra empresa citada nos depoimentos do empreendedor, Vital Engenharia, subsidiária do Grupo Queiróz Galvão, teria sido uma das beneficiadas no esquema. O gerente jurídico da empresa, Claudio Pontual, ouvido nesta manhã, negou as acusações. Pontual se comprometeu a enviar cópia de todos os contratos, inclusive com valor, prazo e objeto do serviço para que os parlamentares possam fazer uma análise dos documentos.