Família e amigos de vítimas vivem o drama diário da violência, minuto a minutou. Um cálculo não oficial aponta que mais de 18 mil pessoas foram assassinadas no Estado nos últimos 25 anos. Mais de 60% dos crimes, no entanto, nunca foram solucionados e os casos foram arquivados e caíram no esquecimento e hoje são classificados como “Caso Insolúveis”
“Meu irmão foi morto covardemente. Queremos justiça”. “Meu Deus, me ajuda. Meu pai acaba de ser morto por bandidos. Queremos Justiça”. “Mataram o meu irmão a tiros e ainda destruíram o rosto dele a pauladas e pedradas”. “Mataram meu pai para roubar e ele nem reagiu, até porque nunca usou uma arma”. “Minha mãe foi morta por meu pai com muitas facadas”. “Meu filho levou 11 tiros e ainda cortaram e colocaram pedras na barriga dele. Foi horrível. “Era uma menina linda que a mãe matou com requintes de crueldade”. “Esse assassino já matou outras pessoas, por isso queremos justiça para que ele não volte a matar pessoas inocentes. Quem patrocina a violência?
São frases de pessoas que tiveram parentes ou amigos assassinados. São frases que viraram rotina em locais de crimes ou em velórios de pessoas assassinadas. Mato Grosso está entre os estados mais violentos em se tratando de crime contra a vida: homicídios e latrocínios: ladrões que matam em assaltos.
Dia a dia, minuto a minuto pelo menos uma pessoa é assassinada em Cuiabá, em Mato Grosso e no Brasil. São crimes bárbaros, que não só matam uma pessoa, como também destroem famílias. São pais matando filhos, filhos matando pais. Irmãos matando irmãos. São pessoas sendo executadas a mando do crime organizado e bandidos matando pessoas inocentes.
Em São Paulo, um Estado com mais de 15 milhões de habitantes apenas na Capital, segundo dados da Polícia, 45 pessoas foram executadas por bandidos em assaltos nos primeiros seis meses de 2011. Em Mato Grosso, um Estado com menos de três milhões de habitantes, mais de 20 pessoas já foram mortas por bandidos em assaltos.
Além dos latrocínios, apontados pela própria Polícia como um dos crimes mais violentos e mais covardes, pois as vítimas, além da surpresa com a chegada do bandido armado, ainda são baleadas sem apresentar nenhum tipo de reação, até porque, a grande maioria nunca sequer pegou em uma arma de fogo.
São centenas mortes todos os dias no Brasil que registra o covarde número de quase 50 mil pessoas assassinadas a tiros, facadas, pauladas, pedradas e por dezenas de armas letais. E o que acontece com os assassinos. Nada. Quando muito o matador é preso, condenado a 30 anos de prisão, mas só fica atrás das grandes pouco mais de cinco anos.
Daí em diante o assassino está livre para matar novamente. Fatos de reincidência de mortes por ladrões e pessoas comuns que mataram mais de uma pessoa. Casos de que já se repetiram centenas ou milhares de vezes nos últimos 25 anos, período em Mato Grosso, segundo cálculos não oficiais, registrou mais de 18 mil assassinatos. No restante do País a situação não é diferente.
Por que de tantas mortes? Por que os assassinos voltam para matar? Por que os bandidos estão matando tantas pessoas inocentes, muitas vezes para roubar menos de 50 reais, outras para roubar um relógio, e muitas vezes fogem sem roubar nada pelo medo de serem presos? O Estado e a Nação patrocinam a violência?
A reportagem do Portal de Notícias 24 Horas News entrevistou cinco pessoas. Todas pediram para não serem identificadas, muito menos citadas suas profissões, não por medo, mas para evitar suas exposições, principalmente numa questão tão polêmica, cujas respostas não admitem meias-palavras, muito menos mentiras. Vamos usar, portanto, nomes fictícios, identificando apenas suas idades e profissões.
Primeiro, a maioria dos entrevistados cita, o sucateamento da educação com escolas caindo aos pedaços. Cobram a contratação de policiais civis e militares. O aumento da fiscalização nas fronteiras para tenmtar evitar a entrada de drogas, armas, carros roubados e até aviões. Os entrevistados também querem um combate mais eficiente ao tráfico de drogas.
A educação, no entanto, ainda é a principal indicação como solução e no combate pela raiz da violência. As pessoas pedem escolas modernas, pois hoje ainda existem muitas sem um mínimo de condição técnica para funcionar por falta de locais para lazer, jogos e piscinas para prática de esportes como a principal causa da violência.
Além das escolas, os entrevistados também citaram a falta de estudos diários dos próprios professores, cuja maioria não é reciclada e, principalmente a questão salarial. “Os professores precisam sofrer um processo de reciclagem constante e ganhar muito bem para não ter que trabalhar dobrado, caso contrário não vão ter tempo de preparar suas aulas”, contam.
A maioria também defende um sistema de ensino permanente. Ou seja, que os alunos estudem em tempo integral, com aulas práticas, teóricas, cursos de informática, esporte, lazer e, principalmente uma boa alimentação dos alunos cinco ou seis dias por semana.
“Quem estuda de manhã, à tarde e à noite não tem tempo de ir para a rua, muito menos ficar na esquina fazendo, pensando besteiras ou sendo aliciados por ladrões e traficantes”, cita um entrevistado.
“Com educação integral, com certeza a incidência do envolvimento de adolescentes, jovens e até crianças com ladrões, traficantes e todos os tipos de bandidos vai cair mais de 70%. O governo sabe disso, mas não faz nada para mudar essa realidade. O seja, em muitos casos o governa fabrica ladrões”, comenta outro entrevistado.
“Eu vi e ouvi uma entrevista de alguns parlamentares: senadores e deputados federais ao Programa CQC. Todos afirmaram que seus filhos estudam ou estudaram em escolas particulares. E no contra-pé, a repórter comentou na cara deles que eles estavam afirmando e oficializando que as escolas públicas brasileiras são uma merda”, lembra um entrevistado.
“Isso é um absurdo. Deputados e senadores oficializaram o sucateamento das escolas públicas no Brasil. E por que eles não mudam essa realidade. Eles podem mudar. Mudaram as leis para beneficiar os bandidos, mesmo os envolvimentos em crimes pesados como homicídio e formação de quadrilha, tudo para incluir um crime que muitos políticos cometem, que é o crime do colarinho branco, que antes dava prisão preventiva, mas agora não dá mais. Isso é um absurdo, isso é uma vergonha”, desabafa.
“Mato Grosso precisa cobrar da União uma ação rápida no combate a invasão das fronteiras do Estado como outros países. É por lá que entram as drogas e as armas contrabandeadas, e pó onde saem os carros e os aviões roubados no Brasil. Isso é um câncer antigo que precisa ser extirpado. Os políticos falam e prometem mil coisas antes das eleições, mas quando são eleitos esquecer e até somem”, lembra um entrevistado.
“Enquanto as fronteiras não são fechadas e as escolas não são o modelo capaz de tirar as crianças e os adolescentes das ruas para que eles não se aproximem da marginalidade, é preciso que às Polícias Civil e Militar também se modernizem para combater o tráfico de com capacidade e eficiência. Mas isso tem que ser feito logo, sem perde de tempo, pois os bandidos estão matando para roubar e comprar droga. Muitas vezes os que estão matando nem são bandidos, são apenas viciados que começam a roubar em casa e se transformam em latrocidas da mais alta periculosidade”, alerta.